Os produtores de cana-de-açúcar da Zona da Mata Norte de Pernambuco amargam um período de seca que deve fazer a agroindústria canavieira antecipar a dispensa de pelo menos 10 mil trabalhadores, já na primeira semana de janeiro – 60 dias antes da data prevista. As perdas na safra 2010/2011 estão sendo calculadas em até 40%, segundo a Associação dos Fornecedores de Cana (ACFP).

Resultado da seca é menos 2,3 milhões de toneladas de cana produzidas na Mata Norte Foto: Frankie Marcone/DN/D.A Press – 28/9/09

´Desde o primeiro semestre o Instituto Tecnológico de Pernambuco já tinha previsto que a temporada de chuvas seria abaixo da média. Em vez dos 600 mm de chuvas, em média, entre fevereiro e maio, choveu apenas 300 mm`, explica Paulo Guedes, vice-presidente da ACFP.

O resultado da seca é menos 2,3 milhões de toneladas produzidas na Mata Norte, do total de 7,6 milhões esperados – uma queda de 35%. De acordo com Paulo Guedes, o prejuízo dos fornecedores deve chegar à casa dos R$ 60 milhões. A seca afetou também as produções da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Mesmo com o excesso de chuvasna Mata Sul, que deve ter um crescimento de 5% na produção de cana-de-açúcar neste ano, o resultado do estado, em comparação a 2009 será afetado pela queda ocorrida na Mata Norte. Em 2009, Pernambuco produziu 16 milhões de toneladas de cana.

Guedes explica que os cerca de 12 mil fornecedores de cana do estado pleiteiam junto ao governo estadual um planejamento de ações preventivas, que possam ser utilizadas quando os períodos secos forem identificados. ´As secas acontecem em ciclos de três ou quatro anos. Existe uma tecnologia de produção de chuva, artificialmente, que poderia ajudar os agricultores se fosse planejada com antecedência`, complementa.

Consumidores

A queda na produção de cana de Pernambuco não deve ter impacto nos preços do etanol. ´O reflexo no produto final é pequeno, pois a produção de outros estados compensa as perdas que teremos aqui. O prejuízo é para os produtores mesmo`, explica Paulo Guedes, da ACFP.

Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar, evita falar em números do prejuízo para a cadeia produtiva por conta da seca, mas estima em R$ 100 milhões. Cunha explica que o preço do etanol varia de acordo com o preço da gasolina e que o problema enfrentado na Zona da Mata Norte não deve chegar ao consumidor final. ´O que temos negociado são políticas públicas de garantia de preço mínimo`.

“As secas acontecem em ciclos de três ou quatro anos” Paulo Guedes, vice-presidente da ACFP