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Cana regenerativa veio para ficar

A viabilidade econômica, onde vem sendo implantada, vai sedimentando o caminho para sua adoção por outros produtores

Cana regenerativa veio para ficar

A chamada cana regenerativa, definitivamente entrou em campo. A questão agora é saber quando ela assumirá a titularidade de forma definitiva.

Essa foi a impressão deixada ao longo do webinar WarmUp CANABIO23, apresentado na noite de quarta-feira (10), pelo canal do youtube do JornalCana.

O webinar contou com a participação de Rosa Muchovej, cientista chefe de solos da empresa norte-americana U.S.Sugar, que emprega o sistema de cana regenerativa, e figura como a maior produtora de cana e açúcar dos Estados Unidos.

“Em busca da Cana Regenerativa” foi tema central do webinar que contou ainda com a participação de João Ulisses de Andrade, diretor da AGR.cana e Rogério Augusto Bremm Soares, diretor agrícola na BP Bunge Bioenergia. Ambos também discorreram sobre o assunto destacando entre outros pontos a utilização dos microbiológicos como ferramenta de manejo do solo.

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Rogério Augusto Bremm Soares

Sob a condução do jornalista Josias Messias, diretor da ProCana, o webinar teve como objetivo esquentar os motores para a discussão do tema, que assume cada vez mais relevância na área agrícola e que será debatido em profundidade durante a edição do CANABIO23 prevista para os próximos dias 24 e 25 de maio, no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto – SP.

Se a ideia era aquecer os motores para o CANABIO, após o webinar, ficou bem claro que o objetivo foi cumprido com êxito, transmitindo a sensação de que a cana regenerativa é um caminho sem volta para o setor bioenergético.

Nesse que foi um esboço da sua apresentação para o próximo CANABIO23, Rosa Muchovej falou sobre o conceito da cana regenerativa, que basicamente defende que é possível produzir, recuperando a terra e preservando o meio ambiente, restaurando solos degradados, conservando espécies polinizadoras, aumentando a captura de carbono e a retenção de água no solo.

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Rogério Augusto Bremm Soares

Muchovej discorreu sobre algumas das técnicas do sistema de cana regenerativa aplicadas pela U.S. Sugar: rotação de culturas é uma forma de quebrar ciclos, lembrando a que a planta de cobertura mais usada é a crotalária; diminuir a aragem no solo; diminuir maquinário nos campos; otimizar uso de combustíveis/emissão de gases; diminuir o uso de herbicidas (tecnologia); conservar os solos (solos orgânicos – alagamento); utilizar os resíduos para energia; utilizar resíduos diretamente nos campos; compostagem torta com bagaço da cana-de-açúcar, entre outros.

Uma característica típica da região da Flórida é o controle de roedores, que provocam perdas que variam de 15 a 20 milhões de dólares anuais. Rosa conta que o controle biológico é feito com corujas, predadores naturais desses roedores.

Em relação aos meios tecnológicos ela destacou o trabalho na área de agricultura de precisão, automação, armazenamento e análise de dados, sensoriamento remoto, consultor virtual, Inteligência Artificial e conectividade.

Muchovej também enfatizou a importância do incentivo às práticas trabalhistas justas para os empregados.

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João Ulisses de Andrade

“Aqui não é simplesmente por falar, todo mundo considera a companhia como sendo parte da família. Os empregados são sócios da empresa, a gente é dono de um terço. Então tem duas fundações e os empregados”, explicou.

João Ulisses de Andrade, diretor da AGR.cana, destacou que 74% dos ambientes em que atua, são considerados restritivos. “Qual é a relevância dessa informação. É importante que você conheça todo o seu ambiente, o seu local de trabalho, seu local de manejo para que você faça uso correto das ferramentas que você utilizará durante o seu manejo, durante o seu plantio durante seus tratos”, disse lembrando que não há receita de bolo na utilização do biológico ou do químico.

“A gente tem que ter o uso correto, a locação correta de ambiente, universo do solo. A interação desse ambiente/solo está diretamente ligada a resposta daquele manejo que você está querendo adotar, ou seja, não há uma receita de bolo de produtos biológicos, de produtos químicos que você faça uso durante todo o período do ano e por todas as áreas consecutivas”, disse.

“Então assim dá para ter um bom resultado com biológico? Sim. Dá para ter um bom resultado com químico? Sim. Qual o momento de usar um ou outro? Esse é o momento que a gente precisa conhecer. Esse “time” de aqui eu preciso interagir com alguma coisa química e aqui eu consigo levar com biológico e trabalhar com uma coisa mais sustentável, mais assertiva”, explicou Andrade.

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Rogério Augusto Bremm Soares, diretor agrícola na BP Bunge Bioenergia, destacou os planos do grupo que inclui uma usina 100% biológica, sendo que já reduziram em 100% a utilização do nitrogênio na cana-planta.

“Estamos bastante convictos desse caminho, acreditamos nele e vamos seguir avançando cada vez mais. Teremos a nossa primeira usina 100% tratada com produtos biológicos, com 100% de adubação orgânica, organomineral, com adição de biológico, 100% adubada com vinhaça e 100% com controle de pragas e produtos estimuladores biológicos. A intenção é que no início do ano que vem a gente já comece a ter todo manejo dessa usina com o uso de produtos biológicos”, explicou.

Os assuntos deste webinar deverão ser esmiuçados com mais detalhes na próxima edição presencial do CANABIO23, nos próximos dias 24 e 25 de maio, no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto – SP.

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CANABIO23: em busca da Cana Regenerativa

Retomando o formato presencial, após o período da pandemia, o CANABIO23 traz a busca pela cana regenerativa como enfoque central, visando proporcionar o compartilhamento de conhecimentos e benchmarking técnico sobre manejo biológico, orgânico e sustentável da cana-de-açúcar.

A busca pela Cana Regenerativa assume um papel estratégico, extrapolando a “porteira pra dentro”, pois amplia a sustentabilidade da atividade bioenergética a partir dos critérios ESG (Environment, Social and Governance).

O programa inclui a discussão sobre Fertilidade & Microbiologia do SoloNutrição & Maturação Vegetal + Foliar Controle Biológico & Manejo Integrado de PragasCANA 4.0 – sistemas & tecnologias inteligentes, e Integração das inovações & tecnologias no campo.

O evento será realizado nos dias 24 e 25 de maio no Centro de Cana IAC, em Ribeirão Preto – SP, com o objetivo de abordar os temas mais relevantes da área, sempre a partir do compartilhamento de quem vive a produção na prática:

  • Cases & Mesa Redonda com usinas e fornecedores de cana, inclusive internacionais
  • Experiências de alta produtividade com manejo sustentável
  • Dados e conselhos valiosos dos maiores especialistas & desenvolvedores de tecnologia da área

#CANABIO23 Em Busca da Cana Regenerativa – O programa completo e opções de inscrições estão disponíveis no site www.canabio.com.br ou com Ana Alice Santos, e-mail [email protected] e whatsapp +55 16 98102-5222.

Assista ao webinar por aqui: