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Cana leva “chega pra lá” na lavoura

É difícil imaginar alguém arrancando uma plantação de cana antes do último corte para plantar soja. Mas a oleaginosa limita a expansão e entra no intervalo de renovação dos canaviais, apurou a equipe da Expedição Safra que percorre desde a semana passada Goiás, Minas Gerais, Distrito Federal e São Paulo. A oleaginosa cresce a taxas de até 15% em estados líderes na produção cana, que neste ano deve ter aumento de cerca de 5% na área plantada, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

O uso de área de cana para cultivo de soja é um negócio promissor em Minas Gerais. Sérgio Augusto Ferra¬ri Ramos saiu da região de Diamantino, em Mato Grosso – o estado da soja – para atuar como arrendatário em Monte Alegre, no Triângulo Mineiro. Ele cultiva a oleaginosa antes da implantação dos canaviais ou nos intervalos de renovação, que ocorrem a cada cinco ou seis anos. A prática é adotada pela cadeia sucroalcooleira porque amplia a produtividade da cana e se tornou um filão na disputa por áreas disponíveis para grãos.

Ramos está encerrando o plantio de 985 hectares de soja – 600 no primeiro ano de arrendamento – e relata que os preços da commodity oferecem margem positiva apesar de a produtividade nas áreas de transição ser 20% menor. Como a indústria encara a soja como investimento em produtividade, ajuda nos custos, o que equilibra o negócio.

“Recebo a terra corrigida. Eu nivelo e invisto em adubo e semente. Depois, planto e toco a lavoura normalmente”, explica. Nesta safra, ele espera cerca de 45 sacas de soja por hectare. O arrendamento consome 5 sacas e os custos perto de 30 sacas por hectare.

Um ponto desfavorável a Ramos é que as áreas de cana, no primeiro ano em que são usadas na produção de grãos, além de menos produtivas, são mais suscetíveis às variações climáticas. O solo descoberto retém menos umidade. Até agora, as chuvas têm sido suficientes em sua região.

Na região de Rio Verde, maior polo produtor de soja de Goiás – que vinha registrando forte expansão dos canaviais – a oleaginosa voltou a se expandir, conta Maurício Miguel, gerente agronômico da cooperativa Comigo. “Em nossa área de abrangência, o plantio passou de 1,1 milhão para 1,2 milhão”, disse.

O avanço foi principalmente sobre áreas de pastagens e de milho, relata o técnico. A cana perdeu força. “As usinas em funcionamento estão consolidando áreas de plantio e a instalação duas plantas anunciadas para esta região foi adiada”, relata o técnico.