Puxado pelo grupo dos produtos de origem vegetal, cujo índice aumentou 18,31%, devido ao efeito cana-de-açúcar, o Índice Quadrissemanal de Preços Recebidos pela Agropecuária Paulista (IqPR), que mede os preços pagos ao produtor rural, subiu 14,57% na variação acumulada de 2011, segundo o Instituto de Economia Agrícola da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado (IEAApta/SAA).
Segundo o Instituto, os preços da cana, de grande importância na composição dos indicadores, cresceram 36,42% no ano. Assim, sem considerar a cana, os preços agropecuários caíram 1,87%, com queda ainda maior nos preços dos produtos vegetais (-9,01%).
“Para uma inflação anual medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que se estima em torno do teto da meta de 6,5% em 2011, os preços da cana acabaram determinando variação dos preços agropecuários paulistas superiores aos índices inflacionários”, dizem os pesquisadores Luis Henrique Perez, Danton Leonel de Camargo Bini, Eder Pinatti, José Alberto Angelo e José Sidnei Gonçalves.
Isso significa que, com a exclusão da cana, as pressões inflacionárias não tiveram origem no campo.
Os pesquisadores explicam que o comportamento dos preços da cana são provocados pelos preços internacionais ainda mantidos em patamares elevados para o açúcar e a escassez relativa do etanol no mercado interno. “Isso permitiu ao segmento recuperar margens defasadas (valendo-se de sua posição de oligopólio) ainda que a gestão dos preços da gasolina dentro da estratégia federal de segurar a inflação acabe levando a que, mesmo nos meses de maior oferta na bomba dos postos de gasolina, os preços do álcool tivessem se mantido no limite superior da proporção de economicidade para o consumo (70% do preço da gasolina).”
Para eles, além disso, apenas em unidades da Federação com políticas tributárias favoráveis em termos do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), como o Estado de São Paulo, são mantidos estímulos consistentes ao etanol, que vem se tornando um fenômeno praticamente paulista.
Na comparação de dezembro de 2011 com o mesmo mês de 2010, as maiores altas foram verificadas nos preços do feijão (79,76%), do algodão (66,30%), do tomate para mesa (44,82%), da cana (36,42%), do café (32,63%), do leite C (17,49%), da banana nanica (16,88%), dos ovos (16,50%), do leite B (14,02%); e do amendoim (6,53%), todos com elevações superiores à inflação acumulada no período.