A cana-de-açucar foi a vedete no setor energético do país no ano passado e já representa 14,4% da matriz energética, se igualando à energia hidrelétrica, que representa 14,6% do total. O anúncio foi feito, há pouco, pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, ao apresentar os dados preliminares do Balanço Energético Nacional de 2007, que mostra os resultados do ano anterior e a participação expressiva na matriz dos produtos gerados a partir da cana, como o álcool combustível e a geração de energia elétrica.
Segundo Tolmasquim, a produção de etanol, que no ano passado totalizou 17,8 bilhões de litros, 10,8% de crescimento, foi um dos principais fatores que elevaram a participação dos produtos derivados da cana-de-açúcar na matriz energética brasileira em 2006. A substancial taxa de crescimento da demanda interna pelo álcool combustível abrandou até mesmo o efeito da exportação de 3,36 bilhões de litros, 50% superior ao volume exportado no ano de 2005. Os produtos produzidos a partir da cana são caldo de cana, o melaço, e o bagço que por sua vez produzem o açúcar, o etanol, a eletricidade e o calor.
– O ano passado foi o ano da cana-de-açùcar. São números bastante expressivos. A produção da cana cresceu 12%, e a área colhida cresceu 7,5%. A produção de açúcar cresceu, por sua vez, 17,7%. Ou seja, números bem superiores ao PIB do ano passado – destacou Tolmasquim, ao afirmar que a tendência é de a cana-de-açúcar aumentar cada vez mais, nos próximos anos, a sua participação na matriz energética.
Na matriz energética, dentre as fontes de energia renováveis, além da hidrelétrica e dos produtos da cana-de-açúcar, a lenha e o carvão vegetal representam 12,4%, inferior aos 13% no ano anterior, enquanto outras fontes renováveis (eólica, biomassa, etc), mantiveram sua parcela de 2,9%.
Quanto às fontes não-renováveis, não houve muitas mudanças. O petróleo tem 38,8% contra 38,7% no ano anterior. O gás natural tem 9,5% da matriz, praticamente o mesmo do ano anterior; carvão mineral e derivados têm 5,8%% da matriz, contra 6,3% no ano de 2005; enquanto que o urânio, usado nas usinas nucleares, tem 1,5% de participação.
A oferta interna dos produtos derivados da cana-de-açúcar apresentou, em 2006, um crescimento de 9,7% em relação a 2005, passando nesse período de 30,1 milhões de toneladas equivalente de petróleo (tep) para 33,1 milhões de tep. Além do etanol, também são derivados da cana o bagaço e o açúcar, que obteve um aumento de produção de 17,7%, chegando a 30,9 milhões de toneladas. Com a demanda do etanol e do açúcar em alta, o cultivo da matéria-prima apresentou uma expansão de 12% em 2006, atingindo um patamar de 430 milhões de toneladas. Outro dado destacado por Tolmasquim é que 32% da energia renovável do país vem da cana.
A participação nacional dos derivados da cana-de-açúcar na oferta Interna de Energia (OIE) – unidade que reflete o somatório da produção interna e das importações de todas as fontes disponíveis no país, diminuídas das exportações e das perdas – passou de 13,8%, em 2005, para 14,4% em 2006. Com isso, o peso dos derivados da cana na matriz energética se aproximou dos 14,6% representados pela energia hidráulica/eletricidade, que se mantém como a principal fonte energética renovável brasileira.
Os resultados preliminares do BEN 2007 indicam o crescimento de 5% da OIE do país em 2006, totalizando 229,7 milhões de tep.
Já em relação à energia não-renováveis, destaca-se que, em 2006, a produção de petróleo teve uma elevação de 5,6% em relação a 2005, enquanto as importações apresentaram queda de 4,7% e as exportações, crescimento de 34%. Os dados indicam a melhoria dos processos tecnológicos de refino visando o processamento do petróleo nacional, assim como um expressivo superávit de petróleo do país – resultado dos investimentos em exploração e produção que proporcionaram o alcance da auto-suficiência na produção deste insumo energético.
Segundo dados da EPE, as importações de derivados de petróleo cresceram 23,5% frente a 2005, enquanto as exportações registraram um aumento de 4,9%, indicando uma demanda por derivados superior ao crescimento da sua produção interna, que foi de apenas 0,9%. Este quadro foi preponderante para que a participação da rubrica “petróleo e derivados” na OIE do país permanecesse praticamente inalterada em 2006.