
Feita a partir da cana-de-açúcar, a rapadura sobrevive em meio a tantos doces. E mantém a geração de renda para pequenas ‘fábricas’ do interior do estado de Minas Gerais, como o município de Itaguara, na região chamada de Campo das Vertentes.

Enilson conta que começou na atividade observando os pais. Hoje, além de contar com a mão de obra familiar, principalmente com a ajuda da esposa, ele também emprega quatro funcionários. O produtor planta a cana usada da fabricação da rapadura e não deixa de atualizar os conhecimentos, por meio de capacitações.
Adepto das novidades tecnológicas, ele reconhece que muitos produtores de rapadura enfrentaram dificuldades, mas acredita que o bom desempenho do seu trabalho é fruto da modernização do maquinário.

“Acredito na tecnologia, por isso comprei um caminhão pra puxar a cana e troquei o engenho. A forma de trabalhar a rapadura foi muito facilitada nessas últimas décadas”, diz Teles. Ele produz mensalmente 12 mil unidades de rapaduras.
Cada uma, com cerca de 700 gramas é vendida a R$ 2 nos municípios de Pará de Minas, Divinópolis, Bom Despacho, Nova Serrana, Pitangui, Cláudio, Carmo da Mata, Oliveira e Carmópolis de Minas.
“É um produtor muito receptivo às informações técnicas e participa dos trabalhos realizados pela Emater-MG, desde 2001, quando começou com o 1º Curso de Processamento Artesanal de Cana-de-Açúcar, ministrado pela empresa”, testemunha a extensionista de bem-estar social Cornélia Silveira. Ela presta assistência e acompanha vários agricultores que vivem da atividade.
Mais de 100 anos
De acordo com a extensionista, mesmo com os agricultores migrando para outras atividades, a produção de rapadura faz parte da história do município de Itaguara. “Existem relatos de engenhos produzindo rapaduras há mais de cem anos, por isso, como tradição cultural a fabricação de rapaduras não perderá jamais a sua importância. E a Emater-MG sempre será uma grande incentivadora deste trabalho”, informa.
Atualmente, segundo a técnica, Itaguara tem 14 unidades de processamento artesanal de cana-de-açúcar (engenhos) com 47 agricultores familiares. Juntos esses produtores produzem mensalmente 75, 8 mil unidades de rapadura.
Ainda de acordo com Cornélia, 50% dos produtores de rapadura fazem parte de associações de agricultores familiares, utilizam a linha de crédito Pronaf e já participaram de três cursos ministrados pela Emater-MG, em parceria com o Senar.
Os cursos abordaram 18 temas, entre eles a saúde e segurança no trabalho; boas práticas de fabricação e variedades de cana adequadas ao processamento, entre outros.
As rapaduras são feitas puras e acrescidas de amendoim, mamão, coco e abóbora, entre outros sabores. Além da região, a comercialização é realizada em entrega direta na Ceasa, Sul de Minas, com destaque para a cidade de Piranguinho, famosa pela fabricação de pé de moleque. (Com conteúdo da Assessoria da Secretaria de Agricultura do estado de Minas Gerais)