Em 2007, o bagaço e o álcool da cana-de-açúcar foram responsáveis por 16% da matriz energética brasileira, perdendo apenas para os derivados do petróleo, que participaram com 36,7% do total. Pela primeira vez na história do País, a cana desbancou a energia hidráulica, que ficou em terceiro lugar, com 14,7%.
O resultado, divulgado ontem (8) pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética), foi atribuído ao aumento do consumo interno de álcool combustível. De acordo com presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, mesmo com os novos projetos de hidrelétricas – como as usinas do Madeira e de Belo Monte – a cana-de-açúcar conquistou um espaço considerado “irreversível” no cenário energético do País.
O cálculo provisório, que faz parte do Balanço Energético Nacional (BEN 2007), contabiliza a produção total de energia, incluindo o setor de combustíveis, e não somente a geração elétrica.
O consumo de álcool representa 25% de toda a energia gerada pela cana. Os outros 75% vêm da geração de eletricidade e vapor para mover as indústrias, principalmente na produção de açúcar. No entanto, o uso da biomassa da cana para produção de eletricidade é de apenas 3%. A maior fatia fica com as hidrelétricas, com 85,6%.
Segundo dados da EPE, o consumo de álcool hidratado, usado em veículos flexfuel, cresceu 46,1% em 2007, para 10,4 bilhões de litros. Já o de álcool anidro, misturado à gasolina na proporção de 25%, subiu 19,7%, para 6,2 bilhões de litros. Em fevereiro deste ano, o consumo de álcool combustível foi maior do que o da gasolina.
Energia limpa
No ano passado, as fontes renováveis, como energia hidráulica e derivados da cana, conquistaram uma fatia de 46,4% na matriz energética do Brasil, um crescimento de 1,5% em relação a 2006. Já as fontes não-renováveis, como petróleo e derivados, gás natural, urânio e carvão mineral, foram responsáveis por 53,6% da matriz, frente aos 55,1% de 2006.
Em meio às discussões mundiais sobre controle de emissões de poluentes, o Brasil se encontra em situação favorável no cenário energético. De acordo com Tolmasquim, “o Brasil tem aproveitamento de fontes renováveis acima da média verificada em todo o mundo, que não passa de 12,7%”.