Mercado

Cana dá renda extra ao...

Os cálculos da renda extra foram feitos pelo economista Antônio Vicente Golfeto, da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto, baseado na produção atual e em preços médios praticados.

No ano passado, a região produziu 105,2 milhões de toneladas, comercializadas a R$ 30 a tonelada, em média, com valor bruto total de R$ 3,1 bilhões. Neste ano, considerando-se uma safra de 110 milhões de toneladas e média de R$ 43,50 por tonelada, o valor salta para R$ 4,8 bilhões, ou seja, 54,8%.

“Neste ano, o que a cana traz a mais para a região supera a perda com a soja”, diz Golfeto. “Isso significa mais renda para a região”, afirma.

Segundo cálculos feitos com base em dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA), o valor médio da produção, de janeiro a agosto deste ano, na macrorregião de Ribeirão Preto, de um hectare de cana-de-açúcar é de R$ 2,4 mil, o que representa 2,6 vezes mais do que o valor da produção em um hectare de soja, de R$ 956,47.

“O setor sucroalcooleiro tem sido exemplar para o desenvolvimento regional, pois traz dólares, euros e outras moedas através das exportações, contribuindo para o saldo da balança comercial”, diz Marcos Fava Neves, professor de Marketing & Estratégia da Faculdade de Economia e Administração (FEA), da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto.

Segundo Neves, parte dos recursos do setor sucroalcooleiro são investidos nas regiões onde estão as usinas, “através dos salários dos empregados e de inúmeros acionistas pulverizados das usinas” (ver matérias abaixo). “Além disso, há o reinvestimento das usinas, que movimenta o setor de máquinas, implementos e insumos agrícolas e o setor de equipamentos pesados, fortalecendo também pólos metal-mecânicos como Sertãozinho e Piracicaba”, afirma Neves.

De acordo com Neves, a renda dos fornecedores de cana, que recebem um preço mais equilibrado (o recorde atual de R$ 55,00 por tonelada), também ajuda a transferir os lucros do setor industrial para o agrícola.

Todo este recurso, segundo o professor, movimenta o setor de comércio, construção civil, restaurantes, etc., trazendo movimento à economia e riqueza para a região. “Afinal, com o dinheiro vindo da cana, estes setores também irão consumir mais, movimentando uma série de outras cadeias produtivas”. De acordo com ele, o setor praticamente não usa insumos importados para gerar açúcar e álcool, daí ser um dólar “puro” que o setor traz para a região.

Colheita

Até o início do mês, a moagem de cana da safra 06/07 na região Centro-Sul atingiu 292,2 milhões de toneladas, ou seja, 10,6% acima dos 264,2 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica). Esse resultado corresponde a 79% da cana disponível para colheita e cuja oferta total é de 370,6 milhões de toneladas.