Até o final de 2008 entrará em operação a Alcana Agroenergética, nova usina de cana-de-açúcar que será construída em Campos dos Goytacazes, no Norte fluminense, com capacidade de moagem de 2 milhões de toneladas anualmente, e que vai produzir 45 milhões de litros de álcool e 207 mil toneladas de açúcar por ano. O investimento é de R$ 300 milhões, e o empreendimento vai gerar 4,5 mil empregos diretos, sendo 1,3 mil na indústria e o restante nos canaviais e em atividades logísticas.
O empreendimento é de holding, cuja principal empresa é a Aloes, de produtos de higiene descartáveis, que há cerca de dez anos está no mercado, instalada entre os municípios de Campos e de São Francisco de Itabapoana.
A maior parte do investimento de R$ 300 milhões, previstos para a construção da usina, deverá ser financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo o diretor institucional da Alcana, Wagner Freire, as negociações com o banco já começaram e a realização do projeto depende de liberação de empréstimo do banco em torno de 60% a 70%. O restante virá de capital próprio da empresa.
“A empresa resolveu diversificar investimentos porque já atingiu nível de saturação no mercado e o Rio de Janeiro tem muito que crescer na produção de cana, pois não chega a produzir 1% do mercado nacional. Tem de importar cana de outros estados, sobretudo São Paulo, para abastecer o mercado interno. Este é bom momento para investir no negócio porque as empresas petrolíferas estão dando ênfase a fontes alternativas de energia”, ressaltou Freire.
Ao lançar ontem a pedra fundamental da usina, no terreno adquirido pela empresa, na Fazenda Barra Seca, a governadora Rosinha Garotinho anunciou que o governo dará incentivos fiscais e recursos financeiros para garantir o crescimento econômico do Estado.
Ela disse que o secretário de Agricultura, Abstecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, Christino Áureo, finalizará hoje as negociações com o BNDES para viabilizar créditos ao setor.
“Vamos oferecer ao setor de álcool empréstimos de até R$ 10 milhões com juros de 2%. Esse empreendimento é marco para o setor. A região de Campos, que já responde por mais de 80% da produção de petróleo do País, terá participação importante na produção e exploração de álcool”, disse Rosinha, acrescentando que a retomada do crescimento das lavouras canavieiras está associada, em grande parte, à renovação dos canaviais, ao uso de tecnologias e à política de incentivo do Governo do Estado através do Programa Rio Cana.
Sintonização com nova matriz de energia do país
De acordo com o o secretário de Agricultura, Abstecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior, Christino Áureo, a Alcana vai gerar 30 megawatts (MW) de energia elétrica, dos quais vai utilizar 10 MW e vender os 20 MW excedentes: “é empreendimento sintonizado com a nova matriz energética brasileira e mundial, que privilegia a produção de energia limpa e gerada por fontes renováveis”, afirmou o secretário.
A produção da usina vai atender tanto ao mercado interno quanto ao externo, dependendo da cotação dos produtos. A usina vai consumir a cana-de-açúcar de Campos, São Francisco de Itabapoana e de Cardoso Moreira, duas cidades próximas, que terão que aumentar sua produção das atuais 6 milhões de toneladas por ano para 11 milhões de toneladas.
A usina foi enquadrada no Programa Rio Cana, criado para incrementar a atividade sucroalcooleira no Estado e que hoje conta com 300 produtores e seis empreendimentos, entre reformas, ampliações e novas unidades. “Queremos chegar a 5 mil produtores atendidos até 2008”, disse o secretário.