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Campeão da energia limpa

Conciliar desenvolvimento e sustentabilidade, com índices de poluição cada vez menores, é o desafio para o Brasil nos próximos anos. Ao longo da última década, o Brasil galgou diversos degraus no cenário energético mundial. Enquanto o mundo idealiza como ser menos dependente de fontes de energia não renováveis, o país dá exemplo em suas matrizes elétrica e energética. No setor elétrico, o Brasil desfruta de uma posição invejável, com 77% de sua matriz oriundos de usinas hidrelétricas (dados da EPE, Empresa de Pesquisas Energética). Algo natural, sabendo-se que o país tem a maior reserva hidrográfica do mundo. Os investimentos do governo na construção de novas usinas resultarão, em médio prazo, em 54 novas hidrelétricas, incluindo Belo Monte no Rio Xingu, que será a terceira maior do mundo.

Quando se fala em matriz combustível, o Brasil chama a atenção de todo o planeta. Há quase pleno equilíbrio entre combustíveis fósseis (54,1%) e renováveis (45,9%), sendo a cana-de-açúcar a grande estrela.

Apenas como parâmetro, nos países desenvolvidos, o índice médio de uso de matrizes renováveis é de apenas 6%. Por outro lado, a descoberta de grandes quantidades de petróleo em alto-mar, abaixo da camada pré-sal, cria perspectivas de que o país se torne um dos maiores produtores mundiais do chamado “ouro negro”.

Não foi sem motivo que, em seu discurso de posse, a presidente Dilma Rousseff valorizou a diversidade da matriz energética brasileira: “Somos e seremos os campeões mundiais de energia limpa”, previu. “Uma nação em que a preservação das reservas naturais e das suas imensas florestas, associada à rica biodiversidade e à matriz energética mais limpa do mundo, permite um projeto inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental”.

A presidente mencionou ainda a produção de etanol como fonte de energia limpa. Segundo Dilma, o combustível proveniente da cana-de-açúcar contará com “grande incentivo” no novo governo, assim como fontes alternativas: biomassa, eólica e solar.

Conciliar desenvolvimento e sustentabilidade, poluindo cada vez menos, é o desafio para o Brasil nos próximos anos. Em meio ao início de novos governos, é importante que os entes envolvidos nos diversos ramos do setor energético troquem ideias, em favor de uma tomada de rumo consensual e consistente. O Brasil, país que reúne abundantes recursos naturais renováveis, deve exercer de forma efetiva a condição de líder de transformações em âmbito mundial.

Em maio de 2012, o Brasil receberá a Rio +20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que será realizada no Rio. Embora as conferências ambientais de Copenhague (2009) e Cancún (2010) tenham sido consideradas, por especialistas, fracassos, sob o ponto de vista do compromisso das grandes nações de reduzir as emissões tóxicas na atmosfera, o Brasil assumiu uma posição de van guarda, com metas unilaterais concretas de redução do desmatamento de florestas e redução de emissões de CO2, até 2020, em até 40%. No nosso país, o desmatamento é o grande causador das emissões e está desvinculado do uso da energia elétrica e combustível. Por isso, o crescimento do setor energético, a priori, não implica em poluir.

Definir matrizes vegetais de maior produtividade e menor impacto ambiental; ampliar a produção de etanol sem devastar e aproveitando ao máximo o biomassa do bagaço; assim como o modelo econômico da exploração de petróleo abaixo da camada pré-sal; e a utilização inteligente dos recursos naturais são alguns desafios para esta década, cujas decisões devem ser tomadas neste momento.