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Cachaça: essa é da boa!

Já foi considerada bebida de pessoas de baixo poder aquisitivo, vendida preferencialmente em bares mais simples, os chamados botecos ou botequins. A famosa cachaça, aguardente preparada com as borras do melaço e as limpaduras do suco de cana-de-açúcar, aguardente, pinga, caninha, bagaceira, segundo um dicionário da língua portuguesa.

Vale lembrar, antes de tudo, que a ‘marvada pinga’ já atrapalhou muita gente. Porém, os tempos são outros. A cachaça de hoje é uma bebida considerada nobre e consumida por ‘gente da alta’. Atualmente, são mais de 35.000 rótulos, com sabores para todos os paladares e preços para todos os bolsos. Existe cachaça que custa mais do que muito uísque, sem o menor exagero.

É conversa de gente sóbria. Eduardo Verardo disponibiliza cerca de 500 marcas de cachaça na Cabana Caipira, loja especializada que mantém no centro da cidade, “São marcas do sul do Brasil, passando por Ribeirão Preto, Parati, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro, chegando até à Bahia, Pernambuco e Alagoas”, diz. “É bom lembrar que a cidade de Ribeirão Preto e sua região produzem mais de trinta marcas. Trata-se de uma produção considerável”.

A comercialização, segundo Verardo, é robusta: “Só eu vendo cerca de 800 litros a granel e 350 litros engarrafados por mês. Isso tudo na ‘capital do chope”. O carro-chefe de seu estabelecimento é a Dona Bica, de Arceburgo (MG). “A cada dez pessoas que entram aqui, oito ficam admiradas e não sabem o que comprar”, observa ele, com atuação de cinco anos no mercado.

Em tonéis

Do outro lado da cidade, na marginal da Via Anhangüera, em seu km 317, o Armazém da Cachaça, 15 anos no mercado e com cerca de 100 rótulos à venda e ainda uma fábrica de tonéis fazendo parte do mesmo prédio servindo Ribeirão Preto, região e outros Estados da Federação.

“O estilo do Armazém é envelhecer cachaças e licores, as grandes especialidades da empresa”, comenta o proprietário Mauro Barbosa de Barros. Lá você pode encontrar uma ‘18 anos’. É envelhecida por dezoito anos em tonéis de Carvalho e outras madeiras nacionais.

Segundo ele, clientes famosos do Brasil todo consultam o Armazém da Cachaça e ‘brigam’ por uma boa aguardente. “Já vendi cachaça até para fora do Brasil”, observa, orgulhoso, Barbosa de Barros. Quando da visita da reportagem, o proprietário do Armazém fez uma revelação em primeira mão. “Minha fábrica nova de tonéis fica pronta em trinta dias. Ribeirão Preto ganhará uma das mais modernas fábricas do Brasil”, finaliza Mauro.

Na Avenida do Café, entre os bairros Vila Amélia e Vila Tibério fica a Central da Cachaça, onde Marcelo Gallozzi, um dos proprietários, há quatro anos fornece a ‘água que passarinho não bebe’ para Ribeirão Preto, região e ao Brasil todo. São 530 rótulos, de todos os preços. É pinga do Brasil todo, ficando Minas Gerais com a maioria das marcas. “Vendo muito as cachaças denominadas ‘premium’, as topo de linha, de valores mais altos, mas o produto que vendo mais é a Salinas, do norte de Minas Gerais. Uma cachaça comparada a muito uísque bom”, comenta.

Tem gente que compra cachaça para servir em festa de casamento. “É chique tomar ‘pinga’. A situação de consumo é outra. Melhor para nós que vendemos o produto”, frisa Gallozzi.“Estamos contentes com o movimento. Se tudo der certo, teremos um Boxe no Mercado Municipal daqui a 30 dias”, finaliza.‘Aquela que matou o guarda’ ou ‘aquela que passarinho não bebe’, não importa.

O que importa mesmo é que a bebida genuinamente brasileira está nos copos do mundo todo. O pessoal de fora adora uma caipirinha feita com pinga. É sucesso mundial. Um dos produtos que o Brasil faz bem e que os lá de fora aprovam com louvor. Consumir com moderação é uma das leis dos vendedores de cachaças artesanais.