Os alimentos voltados para a comunidade judaica fazem sucesso no Estado de São Paulo. Depois do vinho, chegou a vez da cachaça, que entrou no segmento kosher — alimentos preparados de acordo com os preceitos judaicos — e agrada ao paladar dos não-judeus.
As bebidas kosher movimentam, em volume, cerca de 100 mil garrafas/ano, somando-se o vinho e a cachaça. Esse segmento apresenta um crescimento médio de 30% ao ano, principalmente em função dos não-judeus.
A produção da cachaça Canna Schnaps, feita pela Clamore Indústria e Comércio, de Atibaia (SP), cresce mês a mês. A bebida é a única no mundo com o selo kosher.
Segundo o diretor comercial da Clamore, Samuel Lebensztajn, a cachaça é destilada duas vezes para retirar as impurezas e segue todos rituais judaicos de higiene. O produto tem agregada a maçã, que confere mais suavidade à bebida.
“Nossa cachaça é envelhecida um ano em tonéis de carvalho, que eram utilizados para o malte de uísque. Outra parte também é envelhecida um ano, mas com maçã “, explica. Depois do período de envelhecimento, a bebida é engarrafada em vasilhames novos, pois não pode conter resíduos de outras bebidas. O processo é automatizado, sem contato humano.
“Esses procedimentos tradicionais judaicos garantem a higiene do produto, caso contrário o rabino não assinaria a liberação para venda. Isso também faz com que o consumidor não-judeu venha a degustar nosso produto.”
Ainda segundo o executivo, esse tipo de procedimento é como a empresa possuir um certificado ISO 9000, que é muito bem conceituado. “As pessoas sabem que um alimento ou bebida kosher são trabalhados com a maior higiene possível, o que lhes confere credibilidade.”
A empresa produz cerca de 4 mil garrafas/mês da cachaça e há capacidade para ampliar a produção, de acordo com a demanda pelo produto. A Canna Schnaps é vendida nos aeroportos de Cumbica (SP), Rio de Janeiro e Salvador (BA). “Também estamos comercializando nas principais lojas da rede Pão de Açúcar e Wall Mart em todo o País.”
A empresa já está em negociações com os Estados Unidos e a Europa para exportar a cachaça kosher . Já foram enviadas amostras do produto e está sendo aguardado apenas o pedido.
“Há um grande mercado para nossa bebida, uma vez que somos os únicos produtores no mundo. Além disso, a cachaça que produzimos é suave e pode ser bebida gelada ou também como caipirinha.”
No rótulo da garrafa há a receita da bebida, com demonstrações até de como cortar o limão para obter um melhor sabor. A embalagem vendida nos aeroportos é diferenciada. Ela vem acondicionada em sacos de arraiolo, material típico do Brasil, e preparada para viagem.
A cachaça kosher é vendida no varejo por preços que variam entre R$ 18 e R$ 20.