Mercado

Cachaça do prefeito faz sucesso em Jarinu (SP)

O homem passa, a fama fica. Que o diga “seo” Júlio Zanoni, o mais tradicional produtor de pinga de Jarinu. Mesmo estando há mais de treze anos fora da vida pública, até hoje sua aguardente de cana continua viva na memória de muita gente como sendo a “cachaça do prefeito”. O nome nunca apareceu em um único rótulo sequer, mas é ele quem torna, e isso há quase seis décadas, o produto famoso no interior de São Paulo.

“O tempo não apagou esse carinhoso apelido, que passa de pai para filho. Hoje, a terceira geração de alguns fregueses ainda vem ao meu alambique em busca da ‘cachaça do prefeito’. Acho que se a tivesse batizado assim, não teria o mesmo efeito”, conta o empresário.

Em Jarinu, cidadezinha de quase 20 mil habitantes no interior de São Paulo, os Zanoni são vistos como uma espécie de heróis da resistência. Aos 69 anos, “seo” Júlio, no entanto, se diz cada vez mais desanimado com a empresa, hoje sendo passada para as mãos do filho Eduardo. Também seu neto Fernando começa a engatinhar nesse ramo. “Meu pai Guilherme teria orgulho em ver seu bisneto trabalhando aqui”, diz, para em seguida sentenciar que “do jeito que as coisas andam, nosso negócio não sobreviverá mais uma década”.

Ele reclama dos elevados custos, da carga de impostos, da legislação trabalhista e também da burocracia para exportação, entre outras dificuldades, o que vai “quebrando muita gente boa”. E garante: “Antes, o dinheiro nos dava uma vida boa, mas hoje ele rareou. Até me desfazer de terrenos estou sendo obrigado para manter um certo padrão de vida”.

De dezenas de funcionários em tempos passados, agora são apenas sete as pessoas envolvidas em todo o processo da Cachaça Zanoni, mais sofisticada e cara, e Uva Breja, desde o plantio e a colheita da cana, passando pelo engarrafamento e até distribuição das garrafas. Há um terceiro nome registrado, Ouro de Cana, mas que poderá não sair do papel.

“Cheguei a vender mais de 20 mil litros por mês, em meados dos anos 70. Sempre mantivemos um bom movimento, porém de 90 para cá esse número foi encolhendo, encolhendo… Hoje, festejamos quando colocamos no mercado dois mil litros mensais”, lamenta. E olha que não é questão de perda de qualidade, não. Minha caninha segue com a mesma identidade de sempre”.

Segundo reivindica, o governo deveria ter uma visão diferenciada para pequenos e médios alambiques, que são tratados com o mesmo rigor dos gigantes do ramo, diferentemente do que ocorre com os chamados fabricantes artesanais. “A concorrência é desleal, quer de quem trabalha em larga escala e com preço inferior, ou dos nanicos que operam com total isenção”.

Confira matéria completa na edição deste mês do JornalCana.

Banner Evento Mobile