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Buscando espaço, Grupo Balbo levantará usina em MG

Confrontado com a limitação de área de cultivo de cana na região de Ribeirão Preto, o Grupo Balbo, que administra as usinas São Francisco e Santo Antônio e é associado à Coopersucar, decidiu levantar nova unidade em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, informou um diretor da companhia.

Os detalhes do projeto ainda estão sendo definidos, mas a unidade poderá ter capacidade de moer cerca de 2,5 milhões de toneladas de cana por ano, disse em entrevista à Reuters, em seu escritório na Usina São Francisco, Jairo Balbo

“Nessa região (de Ribeirão Preto) só há possibilidade para crescimento vertical, com diversificação. Para crescimento horizontal há necessidade de buscar outras áreas. E decidimos montar uma nova usina em Minas”, afirmou.

Até agora, a companhia buscou crescimento da receita apostando em novos produtos e negócios, como o açúcar orgânico, do qual se tornou o maior produtor mundial, com exportações, inclusive de “big bags” (sacos de 1 tonelada), para cerca de 100 clientes em 26 países.

A empresa complementou a linha de orgânicos com café, suco de laranja e soja e investiu em áreas como plástico biodegradável, produzido em uma associação com a Usina da Pedra a partir da fermentação da sacarose, e leveduras para a indústria de ração animal.

Além disso, o grupo já aposta em energia elétrica, com duas unidades de queima de bagaço de cana que geram 30 megawats, quantidade suficiente para abastecer de energia uma cidade de cerca de 500 mil habitantes fora dos horários de pico.

Balbo, cujas usinas moem juntas cerca de 3,2 milhões de toneladas de cana por ano, diz que o cenário na região de Ribeirão Preto é propício para um movimento de consolidação. Praticamente não existe mais área disponível para novos cultivos de cana, e 45 usinas de açúcar e álcool dividem o espaço dos 85 municípios do nordeste paulista.

“Antigamente falar nisso (em consolidação) era meio complicado. Hoje não. Todos estão conversando abertamente. Nós mesmos estamos abertos a discutir composições. Mas não digo que estamos querendo uma fusão, digo composição em busca de elevar produtividade”, afirmou o executivo.

Segundo ele, fusões na região, de qualquer maneira, deverão ser complicadas, já que a maior parte das companhias são familiares e possuem aspectos muito particulares na produção.

DÓLAR REDUZ RENDIMENTO

Apesar do nível atual considerado bom dos valores internacionais do açúcar, o empresário diz que a queda do dólar e a antecipação da moagem por muitas usinas, com algumas começando no início de abril, estão afetando a lucratividade do setor.

Segundo ele, a cotação média atual do saco de 50 quilos de açúcar no mercado doméstico está em cerca de 30 reais, ante um valor médio que ele considera razoável para o negócio de 37 reais o saco.

E, apesar do movimento dos fundos de investimento nos mercados futuros, comprando açúcar no embalo da alta recorde do petróleo, como se a commodity estivesse mais para um componente do grupo de energia, Balbo não concorda com a análise de que estaria ocorrendo uma forte correlação dos valores do açúcar, e também do álcool, com os preços do petróleo.

“O álcool está desvinculado dos preços do petróleo. Essa questão da alta do petróleo estimular os países a comprarem mais etanol, mais biocombustíveis, reduzindo a oferta de açúcar, é uma coisa que poderá acontecer, mas que ainda não está acontecendo”, disse.

“O que nós temos de fato hoje, e que é uma coisa muito forte, é o carro flex (bicombustível, que pode ser abastecido com álcool e/ou gasolina, que tem registrado grande crescimento de vendas no Brasil). Mas por enquanto é só isso.”

O grupo estima produzir em 2005 cerca de 40 milhões de litros de álcool (anidro e hidratado), 164 mil toneladas de açúcar convencional e 20 mil toneladas de açúcar orgânico.