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Burocracia é entrave para projetos de cogeração

“Samba do crioulo doido”. A expressão foi dita pelo diretor Administrativo da Ferrari Agroindústria, Antonio Carlos Previte, ao se referir à burocracia imposta pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para aprovar projetos de cogeração das usinas. A unidade paulista começou o processo em 2006 e só conseguiu conexão no início deste ano.

Previte participou da 8ª Reunião do Gegis (Grupo de Estudos em Gestão Industrial do Setor Sucroalcooleiro), dia 16 de outubro, em Sertãozinho, SP. Na oportunidade, o diretor contou que, além da burocracia para conquistar a aprovação, a empresa teve que investir na teleproteção de quatro subestações, cada uma no valor de R$ 1 milhão.

“É um processo muito demorado. Até a mulher que serve cafezinho na Aneel demora para valorizar o produto”, disse Previte. A Ferrari também teve que negociar a forma de concessão da Subestação Seccionadora da usina, que por contrato deve ser doada à empresa transmissora. A implantação da referida subestação custou R$ 7 milhões.

Duas eram as alternativas. Em uma delas, proposta pela Aneel, a Ferrari pagaria a subestação em 10 anos, numa espécie de “aluguel”, o que sairia mais caro. Sendo assim, a usina optou por pagar à vista, uma vez que o investimento poderia ser contemplado através de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para implantar o projeto completo de cogeração, a Ferrari investiu R$ 135 milhões, sendo R$ 96 milhões do BNDES. A usina ganhou capacidade para gerar 47 MW/h de energia elétrica usando bagaço da cana. A unidade consome 17 MW/h. Outros 30 MW/h estão disponíveis para venda.

Este ano, a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) negociou 16 MW/h com a Ferrari. Outros 10 MW/h foram contratados através do Leilão de Energia de Reserva (LER), realizado em 2008. No leilão de 2006, empresa já havia se comprometido a fornecer energia ao sistema, no período de 2011 a 2026.

Nesta safra, a Ferrari planeja moer 2,5 milhões de toneladas de cana para produzir 140 mil toneladas de açúcar e 120 milhões de litros de etanol, além da energia já contratada. Na safra 2008/09, a usina processou 1,86 milhão de toneladas de cana para a produção de 120 mil toneladas de açúcar e 85 milhões de litros de etanol.

Fundada em 1953, a Ferrari foi criada para produzir aguardente e cresceu como produtora de etanol e açúcar, além de se dedicar a outras atividades agropecuárias. Em 2007, o grupo transformou-se em sociedade anônima e criou outras empresas, como a Ferrari Agrícola S/A. O grupo gera mais de 1,75 mil empregos diretos. Em maio deste ano, a empresa se associou à Copersucar.