Mercado

Bunge já avança no mercado de açúcar

A multinacional Bunge está adotando uma postura mais “agressiva” para expandir seus negócios com açúcar no Brasil. Uma das maiores processadoras de soja do mundo, a companhia sediada em Nova York opera desde janeiro como trading de açúcar no país.

Fontes de mercado ouvidas pelo Valor informaram que a empresa está oferecendo um pacote diferenciado para que as usinas se tornem suas fornecedoras.

“A Bunge está oferecendo um pacote atraente para as usinas, o que inclui linhas de crédito com taxas menores e pagamento antecipado, por exemplo”, revelou uma fonte que afirma já ter sido procurada pela trading. O pagamento antecipado já é uma prática comum nesse mercado.

Segundo Adalgiso Telles, diretor de comunicação corporativa da Bunge, a trading de açúcar da companhia já possui contratos de longo prazo com dez grandes fornecedores do país. A empresa não quis revelar sua carteira de clientes. “Já temos contratos de longo prazo para fornecimento com clientes no exterior”, disse.

Apesar da recente atuação nesse mercado, a companhia já fechou contrato para exportar três navios de açúcar. A Bunge não informou o volume que será embarcado. O Valor apurou, entretanto, que esses volumes podem variar de 75 mil a 120 mil toneladas, de acordo com o porte do navio. A empresa não negocia álcool nesta primeira fase.

Além da operação brasileira, a Bunge também possui um escritório em sua sede nos Estados Unidos para os negócios de açúcar, além de uma rede de representantes na Europa. Adalgiso Telles afirmou que a multinacional trabalha com o mesmo pacote oferecido para seus fornecedores de soja, com troca do produto por insumos.

Também está nos planos da Bunge se tornar produtora de açúcar e álcool. Mas, segundo Telles, ainda não há qualquer negociação neste sentido neste momento. Segundo fontes de mercado, a empresa concorreu com outras empresas estrangeiras na compra da usina Coopernavi, em Naviraí, no Mato Grosso do Sul. A usina, contudo, foi adquirida pelo fundo de investimentos americano Kidd & Company.

De acordo com uma outra usina procurada pela Bunge, a empresa tem uma logística competitiva, o que a coloca em vantagem em relação a outras tradings instaladas no país. A estrutura de elevação – transporte de açúcar do armazém dos portos até o navio – tem preços mais competitivos. “A empresa também se ofereceu para fazer financiamentos com taxas de juros mais baixas do mercado”, disse a fonte.

No Estado do Paraná, a multinacional está adaptando seu terminal no porto de Paranaguá para sustentar os embarques de açúcar. “A empresa também deverá investir futuramente no porto de Santos (SP) para tornar suas operações mais competitivas”, disse a mesma fonte. “A empresa está adotando uma postura agressiva, mas transparente e deverá elevar seus volumes negociados a partir de 2007.”