Mercado

Bunge centra aportes em açúcar e álcool

A Bunge Alimentos, divisão da multinacional americana Bunge que lidera as exportações brasileiras de grãos e a moagem de trigo no país, está em vias de se consolidar, também, como um “player” relevante em açúcar e etanol.

De um pacote de investimentos iniciado em setembro de 2007 e que até o início de 2012 deverá somar R$ 2,3 bilhões, esta frente de negócios relativamente nova para o grupo representa R$ 2,1 bilhões. Com novas apostas em análise, que não estão incluídas no “pacote” e podem envolver outras aquisições, é provável que a expansão no segmento ganhe velocidade.

“O mercado vive um processo de consolidação, e somos consolidadores”, afirma Sérgio Roberto Waldrich, presidente da Bunge Alimentos. O Valor já informou que, apesar da conjuntura ainda adversa para grandes apostas, outros grupos também estão em expansão no segmento, casos de Cosan, São Martinho, Louis Dreyfus e Tavares de Almeida, entre outros.

Waldrich garante que sua empresa não está preocupada em ser a maior da área, mas adianta que contar com um “pé forte” em São Paulo, maior polo sucroalcooleiro do mundo, está nos planos, ainda que não exista nada definido.

Foi a primeira aquisição da Bunge neste segmento que inaugurou o pacote de investimentos de R$ 2,3 bilhões. Localizada no Triângulo Mineiro, a usina Santa Juliana tinha capacidade para processar 800 mil toneladas de cana por safra, mas já foi ampliada para 2,5 milhões de toneladas e deverá chegar a 4,2 milhões em 2011.

A participação da Bunge na unidade é de 80%. Os demais 20% são da trading japonesa Itochu, num modelo de controle semelhante à divisão que ambas mantêm em um projeto de construção de usina em Pedro Afonso, Tocantins. Ali a capacidade total chegará a 4,4 milhões de toneladas de cana, mas no início das operações, programado para 2010, ela será de 1,4 milhão.

Uma unidade em Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, completa o atual trio de usinas da Bunge. A Monte Verde, que terá cogeração de energia elétrica e ainda receberá investimento de R$ 200 milhões até 2012, faz parte do pacote e deverá começar a rodar em agosto, com capacidade inicial também de 1,4 milhão de toneladas por safra (1,6 mil empregos diretos) e planos para chegar a 4,5 milhões.

“Em três ou quatro anos”, diz Adalgiso Telles, diretor corporativo da Bunge no Brasil, a área de açúcar e álcool “será representativa no portfólio da companhia”. Hoje, diz Waldrich, as operações com grãos, sobretudo soja, respondem por cerca de 65% do faturamento da Bunge Alimentos, que em 2008 atingiu R$ 23,4 bilhões – 40% mais que em 2007. Na divisão Fertilizantes, a receita líquida foi de quase R$ 8 bilhões em 2008.

Os negócios com soja também estão sendo ampliados. A empresa inaugura hoje, em Nova Mutum (MT), sua nona esmagadora no país, a partir de um aporte de R$ 150 milhões em re cursos próprios. O projeto foi inicialmente pensado para Sorriso, mas este município, ao contrário de Nova Mutum, está situado no bioma amazônico.

Com a segunda indústria de soja em Mato Grosso, esta com capacidade para processar 4 mil toneladas por dia, a capacidade total de industrialização da empresa no país chegará a 10 milhões de toneladas de soja por ano, para uma safra total nacional que gira em torno de 60 milhões de toneladas.

Na área de milho, onde a Bunge é forte na safrinha de inverno e por isso aproveita a estrutura que trabalha com soja no verão, a empresa já movimenta 5 milhões de toneladas por safra, destinadas aos mercados doméstico e externo.

No trigo, onde domina 30% da moagem brasileira, a múlti tem inauguração programada para agosto. A unidade de Suape, Pernambuco, a oitava no grupo nesta frente, absorveu R$ 126 milhões, está em fase pré-operacional e terá capacidade para 825 mil toneladas anuais, a maior da América do Sul.

Com os nov os investimentos, Waldrich reitera que a Bunge tem uma “visão consistente” sobre o país e seu setor de agronegócios. E prevê crescimento em 2009.