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Broca-da-cana: conheça 8 fatos sobre a praga que atinge os canaviais

Broca-da-cana: conheça 8 fatos sobre a praga que atinge os canaviais

A broca-da-cana é uma mariposa da espécie Diatraea saccharalis que está presente em todo o território do Brasil e também em outros países da América do Sul, Central e Norte. A maior incidência da praga é em canaviais. Mas, apesar do nome, ela também prejudica a cultura do milho.

Esse inseto tem importância econômica relevante porque causa grandes prejuízos na cultura da cana-de-açúcar, uma das principais culturas do agronegócio nacional. A praga afeta a produtividade do canavial e também a qualidade da produção de açúcar e álcool. “As perdas provocadas na cana devido ao ataque da broca são acumulativas. É preciso combater e regredir essas populações”, afirma Luiz Carlos de Almeida, diretor e pesquisador da Entomol Consultoria.

1 – Sintomas

A broca-da-cana infecta a planta quando ainda está no estágio larval. Os primeiros sintomas ocorrem no terceiro mês após o plantio ou logo depois do corte da cana, durante a formação dos internódios, que são os “gomos”. O pesquisador explica que os sintomas podem ser percebidos quando a cana está na fase de broto, logo após sair da terra, ou na fase de perfilho, que é o “pé” de cana jovem.

A principal alteração é o secamento das folhas, porque a ação da broca-da-cana causa a morte das células na gema apical, uma região da planta com células diferenciadas que são responsáveis pela multiplicação e crescimento na cana. Quando essas células morrem, o processo de crescimento é interrompido. A morte da gema apical desestabiliza a planta fisiologicamente e isso leva ao enraizamento aéreo, quando as raízes não ficam completamente debaixo da terra. “Esses fatores contribuem negativamente na produção e na qualidade da matéria prima”, afirma Almeida.

2 – Quais são os danos para a planta?

O maior dano causado pela broca-da-cana é no interior do colmo, como é chamado o caule das gramíneas, grupo ao qual a cana-de-açúcar pertence. O inseto se aloja no interior do colmo para se alimentar dos tecidos da planta e, nesse processo, escava “galerias” ao longo dele, que prejudicam o desenvolvimento da cana. “Galerias longitudinais [no mesmo sentido do comprimento da planta] no colmo provocam a perda de açúcar, porém as galerias circulares causam a quebra das canas, o que interfere mais significativamente na produção e no teor de açúcar”, explica o pesquisador.

Além disso, a broca-da-cana também causa danos indiretos, porque os “buraquinhos” por onde as larvas entram no colmo permanecem abertos, o que facilita a penetração de fungos como Fusarium e Colleototrichum, que causam a podridão vermelha e desencadeiam o processo da inversão da sacarose, o que reduz o teor de açúcar.

3 – Como identificar o inseto no canavial?

A broca-da-cana ataca as plantas em sua fase larval, que são as lagartas e podem ser vistas pelo produtor. A fêmea adulta do inseto coloca os ovos nas folhas ou bainhas da cana-de-açúcar, onde ficam encubados de quatro a nove dias. Imediatamente depois que os ovos eclodem, as lagartas penetram no colmo e constroem galerias nele. Essa é a fase de maior duração, que vai de 40 a 60 dias e pode ser percebida por causa dos orifícios ao longo dos colmos nas canas. “O ciclo total deste inseto dura de 58 a 90 dias, sendo comum à ocorrência de 4 a 5 gerações anuais nas lavouras”, afirma o pesquisador.

4 – Prevenção e manejo

A principal forma de realizar o manejo integrado da broca-da-cana é com controle biológico. São usados parasitas da espécie Cotesia flavipes para combater a fase larval e da espécie Trichogramma galloi para o controle da fase de ovo. “No Brasil existem excelentes programas de controle biológico, comparáveis aos melhores do mundo, envolvendo criações massais de insetos, especialmente em hospedeiros naturais”, diz Almeida.

O pesquisador explica que, no caso dessa praga, o controle biológico deve ser usado de forma preventiva. O parasita deve ser colocado em regiões produtoras de cana-de-açúcar para aumentar a fauna benéfica e, após esse processo, o produtor deve monitorar a área para avaliar a ocorrência de broca e a necessidade de reaplicação. O custo para realização do manejo varia de acordo com o nível da infestação no canavial e a quantidade de pés de cana brocados. “Em média, pode-se estimar o custo de controle ao redor de R$80,00 por hectare”, afirma.

5 – Monitoramento

O monitoramento da praga nos canaviais é necessário de três a quatro meses após o plantio e de dois a três meses após cada corte da cana. A amostragem deve ser feita por técnicos ou agrônomos para determinar o número de brocas em todas as fases de desenvolvimento do inseto, que são larva, pupa e mariposa. “Os levantamentos amostram dois pontos por hectare, verificando a população de brocas em duas linhas de cinco metros de cana em cada ponto, o que totaliza 20 metros amostrados por hectare”, explica o pesquisador.

6 – Impacto na produção

O levantamento de dados, em relação ao prejuízo é feito após a colheita, analisando os entrenós, que são as “junções” ao longo do colmo da cana. “É feita rachando longitudinalmente os colmos e efetuando a contagem dos entrenós totais e dos entrenós danificados pela broca”, diz Almeida. O parâmetro para calcular os efeitos da broca-da-cana no canavial é pela Intensidade de Infestação, que é a porcentagem de entrenós brocados em relação a todos examinados. Para cada 1% de Intensidade de Infestação, ocorrem perdas médias de 1,21% na produção de cana. O prejuízo não termina aí, estima-se perdas de 0,38% na produção de açúcar e 0,27% de perda na produção de álcool.

O pesquisador explica que as perdas de campo são calculadas pelo número de canas quebradas e mortas que permanecem no canavial. Já as perdas em açúcar e álcool são as medidas pela ocorrência de broca-da-cana e podridão vermelha nas plantas danificadas e levadas para manufatura nas indústrias.

7 – Onde a praga está?

O desenvolvimento da broca-da-cana é favorecido quando há altas temperaturas e grande quantidade de chuva. A praga está presente em todo o Brasil, mas a região Centro-Sul é a mais afetada porque há maior concentração de cana-de-açúcar e clima favorável. “A broca da cana ocorre o ano todo com maiores níveis populacionais nas estações de primavera e verão”, afirma Almeida.

8 – Novas tecnologias

Os principais estudos para o combate da broca-da-cana são da área de biotecnologia, voltados para o desenvolvimento de canas transgênicas que tenham proteína Bt (leia mais: A vez da cana transgênica). Essa proteína causa efeitos adversos sobre as larvas de broca-da-cana. “O exemplo mais comum e eficaz é a introdução de genes que codificam proteínas do tipo Cry de Bacillus thuringiensis (Bt)”, diz o pesquisador. As proteínas Cry agem sobre a broca-da-cana e têm um efeito tóxico no inseto.

As informações são da Succesful Farming Brasil.