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Bric e G8 podem dar um rumo à preservação no globo

A conscientização é um dos desafios para o combate às emissões de , diz especialista do WEF. As recentes pesquisas globais de alerta para os prejuízos econômicos e os riscos das mudanças climáticas intensificam cada vez mais as discussões no meio empresarial e também governamental. Os prejuízos para a economia mundial variam de acordo com as pesquisas, assim como a discussão se as emissões de gás carbônico () e o clima estão ligados ou não.

“Medidas e leis para mais eficazes evitar o aumento das emissões na atmosfera precisam ser intensificadas”, lembrou o diretor de iniciativas ambientais do World Economic Forum (WEF), Dominic Waughray.

“Não somente a busca de combustíveis alternativos mas também medidas para preservação da água e economia de energia são igualmente importantes para minimizar o impacto do aumento das emissões de gases do efeito estufa”, disse Waughray, em entrevista por telefone. Segundo ele, algumas pesquisas dizem que se algo for feito agora, as medidas para evitar o aumento das emissões de exigiria um investimento de apenas 1% do Produto Interno Bruto (PIB) global mas, em poucos anos, saltaria para 5%.

Na opinião do executivo, quem deve começar com as iniciativas mais eficazes de redução das emissões são os governos, mas o setor privado também pode ir além do que já está fazendo. “Mas seria importante que essas medidas sejam tomadas pelos países do Brasil, Rússia, Índia e China (ou seja, o Bric – grupo dos principais países emergentes), assim como pelo G8 (grupo dos sete nações desenvolvidos – Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Canadá, mais a Rússia). Assim, grande parte do problema estaria sendo solucionado”, lembrou.

Ontem, por exemplo, o Canadá anunciou que pretende reduzir 20% das emissões de gases de efeito estufa até 2020 em relação ao nível atual, algo que vai além do compromisso do país com o Protocolo de Kyoto. Segundo o protocolo, o Canadá deveria reduzir em 6% até 2012 suas emissões de gases de efeito estufa em relação ao nível de 1990, mas estas aumentaram aproximadamente 30%, , informou a agência EFE. O Parlamento europeu, por sua vez, divulgou ontem a criação de uma comissão para analisar e avaliar a aplicação da legislação da União Européia contra a mudança climática.

O grupo reunirá 60 deputados, terá mandado inicial de 12 meses e iniciará os trabalhos em 10 de maio. O Congresso dos EUA, que ainda não aderiu a Kyoto, criou em janeiro um comitê específico para a questão do aquecimento global.

Baseado em Genebra (Suíça), o diretor do WEF alertou para o aumento no nível de na atmosfera e que poderá atingir o patamar crítico provavelmente em 2050 ou mesmo em 2040. Esse nível seria de 500 milhões de partes por milhão (ppm) – medida da concentração de gases provocadores do efeito estufa “Hoje, esse índice é de 390 ppm, 71% a mais do que em 1860, em plena Revolução Industrial, quando esse índice era de 280 ppm”, lembrou.

O executivo mencionou um relatório recente da consultoria McKinsey, que trabalha com um cenário de 450 ppm em 2030 e o custo anual para a anulação das emissões seria de € 500 bilhões, ou cerca de € 40 por tonelada. No entanto, esse montante pode chegar a € 1,1 trilhão se forem utilizados métodos mais dispendiosos.

De acordo com o estudo, o desenvolvimento tecnológico de formas alternativas de produção energética, como energia solar, biocombustíveis e energia eólica, ajudará a anular em apenas 30% as emissões. Ou seja, a maior parte, dependerá de um melhor uso da energia existente, métodos mais eficientes como motores de veículos e sistemas de calefação e de ar-condicionado mais econômicos. “Esse tipo de medida de redução de terá um impacto maior no final e as pessoas precisam começar a se conscientizar”, disse Waughray.

O diretor do WEF ressaltou também o fato que muitas empresas já se mobilizam e tomam iniciativas para diminuir a emissão de gases poluentes e para preservar os recursos naturais antes mesmos dos governos. “As que se adiantaram já colhem os frutos conseguindo, com isso, ter um diferencial competitivo no mercado, atraindo mais investidores, pois a preocupação com o meio ambiente ajudou a melhorar a imagem da companhia”.

Waughray destacou o caso da G&E, que conseguiu triplicar receita em cinco anos ao desenvolver produtos ecológicos e que consomem menos energia. “Todas as iniciativas de combate às emissões de são válidas, inclusive plantar uma árvore”, disse. Na opinião do executivo, o biocombustível é uma alternativa importante para diminuir os gases poluentes, mas existe o problema do abastecimento quando se desenvolve o combustível alternativo a partir de alimentos, como acontece com o etanol proveniente do milho. Nesse ponto, Waughray elogiou o Brasil, detentor da tecnologia do desenvolvimento do etanol a partir da cana-de-açúcar. “O País está no caminho certo”.

O clima foi um dos principais temas do encontro anual do WEF na Suíça, em janeiro, e também será discutido hoje em Santiago do Chile, na edição latino-americana do fórum.