A Brenco e a ETH, do grupo Odebrecht, fazem parte de uma leva de empresas que fizeram forte aposta no segmento sucroalcooleiro com o boom do etanol a partir de 2005. Ambos anunciaram projetos bilionários no país para produzirem álcool, e, ao contrário de muitos grupos que também prometeram o mesmo mas não conseguiram levar seus projetos adiante, as duas companhias começam este ano a colocar seus planos em prática.
A estimativa do mercado era de que pelo menos cerca de 40 novos projetos de usinas entrariam em operação na safra 2009/10. No entanto, menos da metade deverá de fato sair do papel este ano.
Com planos de esmagar 44 milhões de toneladas de cana até 2015, a Brenco dará início no segundo semestre deste ano às operações de suas primeiras duas unidades produtoras – a de Morro Vermelho, em Mineiros (GO) e a de Alto Taquari, na cidade que leva o mesmo nome no Mato Grosso. Cada planta processará 3,6 milhões de toneladas quando todos os investimentos estiverem concluídos.
O plano da Brenco é montar um grande polo de produção de etanol, com dez unidades produtoras concentradas no Centro-Oeste (Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso). Para 2011, a meta é produzir 1,7 bilhão de litros de álcool, afirmou o vice-presidente do grupo, Rogério Manso, em entrevista por e-mail ao Valor.
Para financiar sua expansão, a Brenco realizou captação de R$ 1,8 bilhão, em linha com o orçado para a primeira fase do projeto, que prevê a construção de quatro unidades. Entre os seus acionistas, a Brenco conta com o BNDESPar e a Tarpon, no Brasil, e com Ashmore International e Goldman Sachs como principais parceiros internacionais.
Segundo Manso, a Brenco deverá exportar dois terços de su! a produção de álcool, entre 2014 e 2015, quando ele prevê que o mercado internacional já estará consolidado. Para isso, elegeu o sistema dutoviário como meio de transporte do combustível até o porto. O projeto da Brenco prevê aporte de R$ 2,8 bilhões para a construção de alcoodutos de 1.164 quilômetros, interligando a região de Alto Taquari (MT) a Santos (SP), passando pelos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Nesse sentido, o grupo mantém conversações com produtores do Centro-Oeste e do Estado de São Paulo para a realização conjunta de estudos de viabilidade para possíveis parcerias comerciais para a prestação de serviços de transporte e armazenamento de etanol.
Também com projetos ambiciosos no segmento, a ETH, criada em julho de 2007 como o braço de açúcar e álcool do grupo Odebrecht, também dá início aos seus projetos “greenfield” (construção a partir do zero). Ao anunciar sua estreia no setor, o grupo afirmou que iria fazer aportes da ord! em de R$ 5 bilhões para se tornar um dos principais produtores de etanol do país.
Nesses quase dois anos, a ETH adquiriu duas usinas em operação – Alcídia, em São Paulo, e Eldorado, no Mato Grosso do Sul – e deu início à construção de unidades. A partir de julho, coloca em operação três plantas novas: Conquista do Pontal, em São Paulo, Santa Luzia, em Mato Grosso do Sul, e Rio Claro, em Goiás. Segundo José Carlos Grubisich, presidente da ETH, cada usina terá capacidade para moer 3 milhões de toneladas.
A expectativa é de que nesta safra todas as unidades do grupo, que incluem duas já em operação e os projetos novos, processem entre 7 milhões e 8 milhões de toneladas de cana. “A Alcídia foi duplicada e a Eldorado também recebeu investimentos para elevar sua capacidade de produção”, afirmou Grubisich.
Segundo o executivo, o grupo deverá fazer aportes em torno de R$ 1 bilhão para dar continuidade aos seus projetos de expansão. Para 2015, a ETH deverá processar cerca! de 30 milhões de toneladas de cana. “A meta é atingir 45 milhões de toneladas quando as usinas atingirem a maturidade.” (MS)