Mercado

Braskem cria mercado para nova resina

Empresa fomenta demanda de plástico especial para setores de mineração e construção civil. A Braskem informou ontem a este jornal o fechamento de uma parceria com a maior fabricante de caçambas para caminhões pesados do País, a Rossetti Equipamentos Rodoviários. A Braskem já vende o plástico de engenharia – capaz de substituir o aço e outros metais -, o chamado polietileno de ultra alto peso molecular (Utec), para uma das maiores transformadoras do mundo deste material: a norte americana Quadrant Engineering Plastic Products. Agora a petroquímica brasileira vai facilitar a vinda do produto já transformado de sua cliente nos EUA para a Rossetti.

A fabricante deve oferecer a seus clientes um revestimento nas caçambas que produz a fim de aumentar a produtividade no transporte de cargas. Segundo os executivos, a idéia é juntar uma demanda que começa a surgir no País e que busca o mínimo de desperdício no transporte de minérios, produtos para a construção civil ou agricultura com a necessidade da Braskem em desenvolver seu mercado doméstico.

Depois de se consolidar em vários mercados no exterior, esta é a primeira de várias ações da Braskem para começar o desenvolvimento de novos mercados no País, disse o gerente global de Utec da empresa, Carlos Lolato.

A Rossetti oferece o novo produto há cerca de 60 dias e já revestiu 85 caçambas. A produção anual da empresa foi de 1,5 mil caçambas em 2006. Já percebemos esta demanda vinda principalmente de mineradoras que já atendemos, além de grandes empresas de construção civil, afirmou o gerente de marketing da empresa, Daniel Rossetti.

O objetivo da Braskem é fomentar o mercado no País com o intuito de trazer toda a cadeia de produção para o Brasil. Fizemos a parceria com um cliente internacional porque não há uma transformadora deste porte no País. Mas com a criação deste mercado a própria Quadrant pode se interessar por produzir aqui ou até fazer do País uma plataforma de exportação deste produto, disse o responsável da Braskem por este produto no Brasil, Alan Cury.

A Braskem detém hoje entre 35% e 40% da produção mundial da resina. É uma resina de alto valor agregado, do tipo que costuma encontrar mercado apenas no exterior.

A Braskem desenvolveu a Utec em seu centro de pesquisas e agora possui, no pólo petroquímico de Camaçari (BA), a possibilidade de produzir na mesma unidade a resina simples de polietileno (embalagens simples), um produto de maior valor agregado que é o polietileno de alto peso molecular (tambores de lixo, xampu) e finalmente o Utec, que substitui o metal em caçambas e em várias outras funções.

A Utec custa hoje até 50% mais do que a resina comum, que hoje oscila entre US$ 1,5 mil e US$ 2 mil a tonelada no mercado internacional.

Nossa função agora é abastecer a demanda crescente nos setores de mineração e construção, em franco crescimento no País, assim como as novas aplicações, caso da indústria de açúcar e álcool, disse o gerente global da Braskem.

O revestimento que a Rosettti passa a oferecer a seus clientes é como um revestimento antiaderente, que no caso do minério transportado impede que o material grude na caçamba. Hoje ao transportar minério que próximo de um quinto da carga fique grudada na caçamba dependendo da umidade. Então é preciso outra máquina para retirar isso. Com o revestimento isso não acontece, disse Daniel Rossettti. A empresa espera crescer 20% em faturamento este ano.