Mercado

Brasil vende mais açúcar para Oriente Médio e África

A redução das exportações de açúcar branco da União Européia, iniciada recentemente por determinação da OMC, já começou a provocar mudança no perfil do mercado comprador do Brasil, disse ontem um economista da Organização Internacional do Açúcar (OIA).

Estão crescendo os embarques para Oriente Médio e norte da África, que normalmente eram abastecidos pela UE e agora estão investindo em refino de açúcar. Em contrapartida, tradicionais mercados como o russo estão perdendo importância para o Brasil.

“Isso já está acontecendo e vai aumentar, com a expansão da capacidade de refino”, disse Leonardo Bichara Rocha, economista da OIA, após apresentação num seminário da consultoria Datagro, em São Paulo.

Ele citou o exemplo da Síria, que costumava importar grandes volumes da UE e que, após investir em refino, vem aumentando as compras de VHP (tipo de açúcar bruto usado para produção do branco) do Brasil para ser reprocessado.

A UE foi obrigada a reduzir, por determinação da OMC (Organização Mundial do Comércio), suas exportações de açúcar no atual ano safra. Com essa obrigação, a produção local deve cair para 17,1 milhões de toneladas em 2006/07, ante 21,8 milhões na temporada anterior, segundo dados da OIA. Já as exportações européias devem recuar para 1,48 milhão de toneladas em 2006/07, ante 7,25 milhões em 2005/06.

O açúcar refinado no Oriente Médio e África é consumido internamente ou reexportado.

A situação da Arábia Saudita também ilustra a mudança. Há dez anos, 10% das importações do país eram de VHP. Atualmente, esse tipo de açúcar chega a quase 80%.

O Brasil é o maior produtor e exportador de açúcar do mundo -o VHP responde pela maior parte dos embarques.

Rússia

Segundo o presidente da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Eduardo Pereira de Carvalho, empresas do setor têm sido mais contatadas comercialmente por clientes de regiões como Oriente Médio.

“É natural que, com esse maior interesse de países que passaram a refinar eles próprios, diminua a importância de mercados como a Rússia”, disse Carvalho, citando o maior comprador individual do produto brasileiro.