A frota brasileira de veículos movidos a álcool deverá crescer 477% nos próximos sete anos, passando dos atuais 2,6 milhões para 15 milhões de unidades em 2013. No mesmo período, a quantidade de carros a gasolina terá uma redução de 26% (para 14 milhões). Os dados fazem parte de projeção divulgada ontem pela Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), com base nos projetos para expandir o uso do etanol.
Pelo estudo, a produção anual do combustível deve chegar a 35 bilhões de litros, em 2013, contra os atuais 17 bilhões de litros. Boa parte desse etanol (28,7 bilhões de litros) deverá ser consumido por automóveis bicombustíveis produzidos para o mercado interno, sobrando pouco para atender à demanda crescente em países como Estados Unidos, Inglaterra e Japão, que acenam com projetos de produção e importação de etanol.
Só os EUA, de acordo com as projeções da Anfavea, devem precisar de 132 bilhões de litros de etanol, se o país conseguir cumprir a meta de reduzir em 20% o consumo de gasolina até 2017.
O receio da Anfavea é de que o boom do etanol — tema do encontro na próxima semana entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e George Bush — tenha o mesmo destino do Proálcool, nos anos 80, que terminou em desabastecimento interno e frustração para a indústria. Por conta disso, uma sugestão das montadoras é a criação de um modelo de gestão para a cadeia de produção e consumo do combustível à base de cana-de-açúcar, no qual o governo “seria um catalisador”.
De acordo com o presidente da entidade, Rogelio Golfarb, a experiência do álcool deixou de ser unicamente brasileira e está se tornando global. Isso, diz ele, obriga o Brasil a definir um modelo para gerir essa primeira fase da globalização de uma tecnologia cuja cadeia é dominada pelos brasileiros.
— É preciso tomar decisões estratégicas para não perdermos esse mercado.
Com a definição de políticas para a cadeia do etanol, Golfarb acredita que o Brasil poderá vender não só o combustível, mas a tecnologia do plantio, da colheita, das usinas e dos carros do tipo flex produzidos aqui.