A produção de cana-de-açúcar do Brasil teria que chegar a 673 milhões de toneladas em 2013 para atender a demanda projetada de açúcar e álcool, indicou a consultoria Datagro nesta segunda-feira.
Na atual safra, a moagem brasileira deve ser de 406 milhões de toneladas, segundo números da consultoria.
Somando a capacidade atual de processamento com os projetos de expansão já anunciados, o país poderia moer no máximo 510 milhões de toneladas de cana.
“Vemos um gap entre as projeções de demanda e produção. Será um desafio para atender (a demanda)”, afirmou Plínio Nastari, presidente da Datagro.
A estimativa se baseia nas projeções para crescimento do consumo de açúcar e, principalmente, de álcool, tanto no Brasil como no exterior.
Com a elevação dos preços do petróleo e as preocupações ambientais sobre o uso de combustíveis fósseis, mais países estão adotando o etanol como alternativa energética.
O Brasil deve ficar com boa parte desta nova demanda, por ter um dos menores custos de produção do combustível alternativo.
Atualmente, segundo a Datagro, o custo de produção médio de etanol no Brasil está em 0,87 dólar por galão (3,78 litros).
Para operações de exportação, o custo de logística representaria mais 0,13 dólar por galão, levando o preço médio FOB do produto a 1 dólar por galão.
Nastari observou que o valor está bem abaixo do preço da gasolina no mercado internacional, que é de 1,50 a 2,20 dólares por galão (FOB).
“Este custo (brasileiro) tende a cair mais com o aproveitamento do resíduo de cana para cogeração de energia”, afirmou o consultor, que participou de um seminário internacional sobre biocombustíveis em São Paulo nesta segunda-feira.
Muitas usinas no Brasil possuem unidades de geração de energia por meio da queima do bagaço. A modalidade reduz, e em alguns casos elimina, os gastos com energia elétrica.
Nastari estimou que deve haver uma redução adicional de custo de produção de álcool de 20 a 23 por cento com as usinas utilizando tecnologia já disponível para obter 13 megawats de potência instalada para cada milhão de toneladas de cana, o que já é feito em algumas usinas.
Nastari acredita que em um período de 10 a 15 anos todas as usinas no Brasil estarão atuando em cogeração de energia.