Apenas a eficiência e produtividade não serão suficientes para que o Brasil conquiste os mercados europeus para o etanol nos próximos anos. Políticos da União Européia (UE) entrevistados pela reportagem, empresas e entidade que representam os consumidores são praticamente unânimes: o País terá de também conquistar os “corações e mentes” dos europeus garantindo que o etanol não irá gerar um maior desmatamento florestal. “Plantar cana em terras na Amazônia para exportar etanol é uma loucura total”, afirmou Nina Holland, representante da entidade Corporate Europe Observatory.
“Se o governo mantiver a destruição da Amazônia para abrir espaço para a cana, isso será um tiro no pé na credibilidade do etanol como parte da solução para frear as mudanças climáticas e terá um impacto enorme no debate que ocorre hoje na Europa”, disse. De fato, até mesmo brasileiros que vivem na Europa e ocupam cargos de decisão alertam que hesitam em seguir o modelo do País no que se refere ao etanol.
pequena cidade suíça de Chêne-Bourg, a prefeita Beatriz de Candolle – uma carioca de 57 anos – conta que sua região chegou a avaliar a possibilidade de introduzir o biocombustível nos veículos do município. Mas acabaram desistindo por enquanto. “Não estamos certos de que os benefícios ambientais estão garantidos. No Brasil, vimos o que a cana causou com os pequenos agricultores e com as terras”, afirmou a prefeita da cidade de 7,8 mil pessoas. “Estamos optando por outras alternativas”, disse. Para analistas do mercado europeu, será contra essas reações que o Brasil terá de lutar nos próximos anos, inclusive para superar desinformação passada por concorrentes à opinião pública européia. “O consumidor europeu estará de olho nas questões ambientais. Não há como escapar disso”, afirmou Simon Harris, conselheiro da British Sugar. Para representantes da SudZucker, a maior produtora de açúcar da Europa, a ligação entre o etanol e o meio ambiente será cada vez mais forte no mercado da UE.