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Brasil tem interesse em transferir tecnologia do álcool, afirma Stephanes

O Brasil tem grande interesse em se aliar aos países amigos, principalmente os da África, para transferir a tecnologia desenvolvida na produção do álcool. A afirmação foi feita hoje pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes. Ele disse acreditar que o mundo vai se transformar em grande consumidor de álcool e de biodiesel, e ” não vai querer ficar na mão de um ou dois países produtores ” .

Em palestra no segundo dia do Global Initiative on Commodities, o ministro citou, como exemplo, o Japão, que não vai se decidir pelo consumo de etanol enquanto souber que só existe um país produtor em condições de exportar, que é o Brasil.

Stephanes salientou que os Estados Unidos também são grandes produtores de etanol, mas consomem mais do que produzem, e se constituem no maior comprador externo do álcool brasileiro. Entretanto, os norte-americanos cobram uma sobretaxa maior que o custo de produção do álcool, enfatizou.

Na prática, disse ele, ” estamos transferindo renda para os países ricos, que são os grandes consumidores, porque nos impõem barreiras tarifárias muito altas. Ao invés de darmos mais renda e melhores condições ao nosso agricultor, esses países aparentemente se apropriam um pouco dessa renda ” .

” A melhor maneira de nos ajudar ” , acrescentou, ” seria pagar o preço justo por aquilo que temos capacidade de produzir bem ” . Como isso não acontece, o Brasil quer se aliar aos países vizinhos e aos da África para compartilhar sua experiência na capacidade de produção de álcool, a partir da cana-de-açúcar, de modo a diversificar a oferta mundial de álcool.

O ministro não tem ” nenhuma dúvida de que a cana-de-açúcar será, durante muito tempo, a melhor cultura para produzir álcool ” . E a estratégia do Brasil, no sentido de transferir a experiência já ” muito desenvolvida ” , segundo ele, é para garantir o atendimento da demanda crescente e dar condições para transformar o álcool em commodity, a exemplo do que acontece com o açúcar.

Commodity é o termo usado em transações comerciais internacionais para designar um tipo de mercadoria em estado bruto ou com pequeno grau de industrialização, negociado sob forma de contrato nas bolsas de mercadorias. As principais commodities são de origem agropecuária (como café, açúcar, trigo, soja, milho, boi) ou mineral (cobre, ferro, aço e ouro, dentre outros).

No caso específico do biodiesel, Reinhold Stephanes, disse que será uma realidade para daqui a alguns anos. Ele salientou que o país está investindo muito em pesquisas e experimentações com diferentes culturas, e acha que em breve ” teremos boas condições para produzir o diesel ” . Ele destacou, inclusive, que ” essa é uma boa forma de ajudar os pequenos agricultores ” .