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Brasil procura exportar mais cachaça

A indústria de cachaça brasileira prepara-se para ganhar o mundo. Embora a bebida seja vendida para 70 países — principalmente Alemanha, Inglaterra, Holanda, Bélgica, Estados Unidos e Japão —, o Brasil só exporta 1,5% do volume produzido, de 1,3 bilhão de litros por ano. Somente no ano passado a cachaça foi reconhecida pela Organização Mundial de Aduanas (OMA) como destilado exclusivo do Brasil, da mesma forma que o conhaque só pode vir da região da França que tem este nome (Cognac). Até então, a cachaça tinha a mesma denominação do rum, que também é feito de cana-de-açúcar, nas fronteiras internacionais.

Com a denominação de origem, outros países não poderão mais comprar a bebida a granel, engarrafá-la e exportar cachaça do Brasil, como ocorria na Alemanha, por exemplo. “A venda a granel não é a solução porque a margem de lucro fica quase toda no distribuidor”, diz o presidente da Agência de Promoção das Exportações (Apex), Juan Quirós.

O nome cachaça agora só pode ser usado nas bebidas exportadas pelo Brasil. Demais países terão de usar outro nome para exportar o produto. Enquanto a bebida a granel vale em média 20 centavos de dólar o litro no mercado internacional, uma garrafa de cachaça orgânica, a última novidade desse mercado, custa cerca de 9 euros em mercados especializados na Europa, ou mais de R$ 30. A cotação da cachaça comum engarrafada era de cerca de US$ 1 no mercado internacional em 2003.

Vencida a barreira burocrática da denominação aduaneira, é necessário investir na divulgação, profissionalização dos produtores e na distribuição regular da bebida, dizem profissionais do setor. Muitas vezes há desencontros na distribuição, o que torna o fornecimento inconstante. “Bares, restaurantes e supermercados não querem produtos eventuais”, diz Rubens Costa, diretor da Tools Eventos e organizador da Brasil Cachaça 2004, a maior feira de promoção do setor, que este ano está na segunda edição, já triplicando em relação a 2003. A Brasil Cachaça será realizada no Anhembi, em São Paulo, de 22 a 25 de julho.

Para construir um relacionamento melhor entre o varejo, distribuidores e produtores, a feira terá uma estrutura reservada para a melhoria da logística. Nesse espaço, os produtores poderão fidelizar sua produção com distribuidores do Estado de São Paulo, que consome 60% da cachaça nacional.

O setor também conta com apoio maior do governo. No ano passado, a Apex levou a cachaça brasileira a 411 feiras internacionais e 62 missões comerciais, assim como outros produtos tipicamente brasileiros, como café e pão de queijo, diz Quirós. O esforço vem dando resultados. De 2002 a 2003, a exportação de cachaça aumentou 35%, para 20 milhões de litros, segundo estimativas da Federação Nacional das Associações de Produtores da Cachaça de Alambique (Fenaca).