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Brasil poderá elevar mistura de álcool à gasolina, diz Unica

O diretor executivo da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, informou ontem que o Brasil deverá elevar o percentual de álcool misturado à gasolina em cinco pontos a partir de novembro. A mudança, caso ela ocorra, se dará num momento em que produtores encerram safra recorde de cana-de-açúcar e de forte queda do preços do açúcar no mercado internacional, quando atingiram o menor nível dos últimos 13 meses.

Para Pádua, elevar a quantidade de etanol na gasolina de 20% para 25% estimulará as usinas locais a produzir mais combustível do que açúcar, contribuindo para aumentar os preços do açúcar, que recuaram após o Brasil e outros países terem ampliado sua produção, disse Rodrigues. A Unica responde por cerca de 85% do processamento de cana no Brasil.

O diretor de Álcool e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Angelo Bressan, informou ontem que não há ainda uma decisão sobre o retorno da mistura de álcool à gasolina para 25%. Segundo afirmou, a mudança na mistura da gasolina por enquanto é um pleito dos usineiros, cuja concretização depende de decisão do Cima que é o conselho interministerial composto pelos ministros da Agricultura, Desen-volvimento, Minas e Energia e da Fazenda. Representantes dos produtores brasileiros de etanól já haviam feito esse pedido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião realizada em 29 de agosto. Lula prometeu estudar a medida, disse Carvalho.

O retorno aos 25%, segundo Bressan, é desejável em alguns pontos, como a redução dos estoques até o final da safra atual, para reduzir os custos das indústrias. “Carregar estoques por muito tempo é caro e inútil”, disse Bressan. Há ainda a questão dos preços da gasolina. Como o álcool é mais barato, aumentar a proporção desse combustível na gasolina permite uma significativa redução dos preços.

O representante do Ministério da Agricultura adverte porém que é importante verificar se há álcool suficiente para que o país volte a queimar mais biocombustível. Isso é uma tarefa que terá de ser executada pelos técnicos do governo. “Só então o pleito será apreciado pelo conselho de ministros”, explicou.

Benefício às usinas

“O aumento do nível de etanol traria mais tranqüilidade aos produtores”, reconheceu Pádua. “Se nada acontecer, os preços continuarão caindo”. O preço do açúcar, que no ano passado foi a commodity de melhor desempenho, recuou 37% nos últimos oito meses após o Brasil e a Índia – os dois maiores produtores mundiais. O preço do açúcar aumentou ontem com a notícia de que Brasil misturará mais álcool à gasolina .