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Brasil pode produzir açúcar e álcool ainda mais baratos

Um novo método para extrair sacarose da cana-de-açúcar no processo de produção de açúcar e álcool pode tornar as usinas brasileiras ainda mais eficientes do que já são, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

Jaime Finguerut, chefe de pesquisa e desenvolvimento do Centro de Tecnologia da Cana (CTC), disse a jornalistas e ao presidente da Opep, Edmund Daukoru –que está visitando áreas de produção de álcool no Brasil–, que um novo método “hidrodinâmico” iria reduzir bastante os custos na construção de usinas de açúcar e álcool.

A indústria brasileira de cana-de-açúcar está atualmente correndo para expandir sua produção para atender a crescente demanda por álcool, impulsionada pela alta nos preços do petróleo.

O número de usinas no Brasil deve subir em quase 40 por cento nos próximos cinco anos ante o atual número de aproximadamente 300.

“A usina é o principal custo para o investidor em açúcar e álcool”, disse Finguerut. “Este novo método irá reduzir cerca de 50 por cento o custo da unidade de moagem, que representa 30 por cento do custo da usina.”

Finguerut também disse que um novo método iria reduzir o consumo de energia da usina em 30 por cento, diminuindo os gastos.

O Brasil é um pioneiro mundial na produção e distribuição de biocombustível, com mais de 30.000 postos de abastecimento que vendem álcool.

A produção brasileira de álcool a partir da cana-de-açúcar, cujo método Finguerut disse ser baseado em técnicas francesas e que foi adotado pelo Brasil na década de 1930, é tida por analistas como aproximadamte 3 ou 4 vezes mais eficiente em relação aos custos do que a produção de etanol de milho, trigo ou beterraba.

“A maioria da expansão da moagem aqui está vindo do bolso dos produtores –há relativamente pouco crédito dos bancos como o BNDES. Então, milhares de usineiros estão hesitantes em tentar algo novo”, disse Finguerut.

“Mas nós estamos trabalhando para tentar achar algum crédito, devemos ter um protótipo do sistema funcionando até 2008”, disse ele.

Ele disse que as usinas atuais usam água para lavar a sacarose da cana após ter sido retirada dos talos fibrosos, mas o novo método apenas usa água para deslocar a sacarose, separando-a dos talos.

INTERESSES DO ÁLCOOL

Sem contar a demanda doméstica do Brasil por álcool devido à crescente frota de carros flex, a demanda mundial por álcool brasileiro, principalmente dos Estados Unidos, teve um forte aumento.

“Trabalho aqui desde a década de 1980 e nunca vi esse tipo de negócio”, disse o Dr. William Lee Burnquist, Coordenador de Tecnologia do CTC. “A Opep vindo aqui visitar, quem poderia pensar nisso há apenas alguns anos?”

O presidente da Opep Daukoru também é o ministro de Petróleo da Nigéria, que tem consultado especialistas brasileiros para esboçar uma legislação sobre a adoção de álcool em sua matriz de energia. Começou a importar ácool do Brasil em 2005.

“Eu sinto que as pessoas estão novamente interessadas no aquecimento global. É real e o álcool é amigável ao meio ambiente”, disse Daukoru, que acrescentou, no entanto, que ele não via os biocombustíveis tendo um impacto grande na matriz mundial de energia nos próximos 20 anos.