O Brasil pedirá aos Estados Unidos que reduzam suas tarifas de importação de etanol, durante a visita desta semana do presidente George W. Bush, mas quer que os dois países desenvolvam conjuntamente um mercado global para o biocombustível, disse o chanceler Celso Amorim na quarta-feira.
Bush deve propor ao Brasil que coopere com os Estados Unidos na produção e comércio regionais de etanol, como parte de uma nova iniciativa política na América Latina, onde ele passará seis dias.
`Estamos interessados em formar um mercado global do etanol, para isso precisamos de padrões comuns, isso é bom para nós e para eles, disse Amorim em entrevista coletiva.
Estados Unidos e Brasil são os dois maiores produtores mundiais de álcool combustível, e a eventual cooperação nesse setor será o principal tema do encontro dos presidentes Bush e Luiz Inácio Lula da Silva no dia 9 em São Paulo.
Amorim defendeu que os dois países colaborem na adoção de regras para o mercado internacional de etanol “antes que cada um invente regras que possam ser usadas como desculpa para o protecionismo.
Mas o Brasil vai insistir em que os Estados Unidos reduzam suas tarifas de importação de etanol, atualmente em 0,54 dólar por galão, acrescentou Amorim. “Obviamente temos nossas próprias demandas. Não tenho certeza de que serão resolvidas todas de uma vez, mas elas estarão sobre a mesa.
O Brasil eventualmente age como intermediário dos EUA junto a líderes como os da Venezuela e da Bolívia, mas Amorim disse que não é essa a intenção do país. “Queremos que os Estados Unidos tenham uma compreensão dos problemas, da diversidade, da pluralidade e dos interesses econômicos da América do Sul, afirmou.
Washington, acrescentou o ministro, parece estar alterando sua abordagem para a região. “Tenho a impressão de que há um maior interesse. Podemos ajudar a traduzir isso em algo positivo, no sentido de cooperação, não de intervenção no velho estilo.
O chanceler afirmou que Bush e Lula vão discutir investimentos conjuntos em projetos de etanol em toda a América Latina, especialmente no Haiti.
“Queremos que companhias dos EUA invistam na América do Sul. Não temos preconceito. afirmou Amorim, um dia depois de o ex-embaixador em Washington Roberto Abdenur dizer em depoimento no Senado que a política externa do governo Lula é antiamericana.
Amorim disse que também vai encontrar a representante comercial dos EUA, Susan Schwab, no dia 10 em São Paulo, para discutir a retomada da Rodada Doha das negociações comerciais globais.