O Brasil pode esquecer, pelo menos por enquanto, de tentar obter mais concessões para aumentar as exportações de açúcar para a União Européia (UE). A mensagem é da comissária de Agricultura da UE, Marianne Fischer Bel. Ela lembra que a UE já ofereceu ao Mercosul uma cota de 1 milhão de toneladas de etanol.
“Trata-se de um volume enorme, que nos obrigaria até a cortar nossa produção. Mas, obviamente, esse volume foi considerado insuficiente pelo Brasil”, afirmou a comissária, que está na China para reuniões comerciais.
A proposta da UE faz parte de um pacote de ofertas feitas em 2004 ao Mercosul, já recusado. O Brasil pediu maior acesso para o seu açúcar, mas a UE só sinalizou com uma cota para o etanol e agora dá indicações de que não há mais espaço para o produto brasileiro.
Desde outubro, as negociações entre europeus e sul-americanos estão paralisadas e Bruxelas aposta em uma reunião em setembro para avaliar a possibilidade retomada. “Vamos ver se há movimentos por parte dos países e se ainda é possível retomar a negociação. Pode até não ser adequado agora, mas temos de avaliar”, disse Fischer Bel. Ela acusa o Mercosul de não ter enviado uma proposta com idéias de flexibilização de suas posições.
O secretário de Comércio Exterior da Argentina, Alfredo Chiaradia, não acredita na conclusão das negociações entre Mercosul e UE até maio de 2006, como é o desejo de Benita Ferrero Waldner, comissária de Relações Exteriores da UE.
“Ficaríamos encantados se concluíssemos nessa data, mas é difícil visualizar isso no momento. Não temos um pacote equilibrado para o Mercosul e, se esse pacote não aparecer, as negociações continuarão”, afirmou o argentino, que prefere privilegiar o conteúdo do acordo ao prazos.