Que a área de milho ia crescer sobre a de soja nos EUA já era previsto, mas os números divulgados ontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos EUA) ficaram acima do esperado pelo mercado.
A soja, que perde espaço para o milho, registrou redução de 11,21%, a maior queda anual em hectares desde 1924. Já o milho, que avançou sobre áreas de soja, trigo e algodão, terá espaço 15,5% maior neste ano -o maior desde 1944.
O avanço do milho ocorre porque o cereal é a matéria-prima de sustentação do programa norte-americano de álcool.
Há dez anos, os norte-americanos consumiam 4,1 milhões de toneladas de milho na produção de álcool. Em 2008 (agosto de 2007 a julho de 2008), o consumo será de 81 milhões de toneladas.
A demanda por milho é tão forte nos EUA que só um dos 47 Estados que plantam o cereal vai reduzir a área -Massachusetts. Já entre os 31 que produzem soja, só seis vão aumentar a área plantada.
Esse novo cenário agrícola nos EUA beneficia o Brasil, país que tem a maior área agricultável entre os principais produtores de grãos.
Os agricultores brasileiros podem não só aumentar as áreas de soja e de milho como também receber mais por esses produtos devido à maior demanda.
Ao reduzir a área de soja, os Estados Unidos, líderes mundiais na produção da oleaginosa, deixam espaço para o Brasil, o segundo maior produtor mundial.
Do lado do milho, os norte-americanos são os principais exportadores mundiais, mas devem perder espaço no cenário internacional por conta da forte demanda interna.
Prova disso é que o Brasil deve produzir uma safra recorde de milho neste ano e os preços continuam mais aquecidos do que em anos anteriores.
Além disso, apesar do câmbio desfavorável, devem sair do país de 6 milhões a 7 milhões de toneladas de milho neste ano. Já é um sinal da presença brasileira em alguns dos mercados americanos.