Em sua passagem pela capital paulista nesta segunda-feira (11) o ministro da Indústria e Comércio do Egito, Rachid Mohamed Rachid, elogiou o trabalho do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) pela Rodada Doha. De acordo com entrevista do ministro à imprensa, o Brasil desempenhou muito bem a função de organizar, explicar e defender os interesses dos países em desenvolvimento. “O Brasil está fazendo um trabalho fantástico. O país está defendendo os interesses dos países em desenvolvimento”, disse Rachid.
Um dos pleitos dos países em desenvolvimento na Rodada Doha, que foi dada por fracassada após última reunião da OMC, era abrir os mercados agrícolas de países desenvolvidos aos países menos ricos. Tanto Egito quanto Brasil integram o G-20, grupo de países em desenvolvimento que liderava as discussões. A negociação na OMC será, de acordo com Rachid, um dos temas que ele vai tratar hoje (13), em Brasília, em reunião com o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim.
“Temos grande interesse em retomar as negociações na OMC e chegar a uma solução”, disse Rachid. O ministro lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já vem fazendo esforços neste sentido, conversando, por exemplo com lideranças norte-americanas e chinesas. “Acho que todos nós estamos determinados a não deixar essa oportunidade escapar. Tem que acontecer, mas quanto antes acontecer, melhor”, afirmou. “O verdadeiro desafio é atingir um equilíbrio entre as vantagens que os ministros do comércio vêem para a economia global e a política interna do protecionismo e favorecimento”, disse.
Na visita que fará hoje a Brasília Rachid também prometeu falar com Amorim a respeito do Mercosul. O Egito e o bloco sul-americano assinaram, há cinco anos, um acordo-quadro que expressava a vontade dos dois lados fazerem um acordo de comércio. Rachid afirmou, durante seminário em São Paulo, que a parceria com o Mercosul é muito importante para o país árabe. “Agora é hora de termos um acordo comercial”, disse o ministro. Rachid acredita que o tratado possa ser concluído no ano que vem.
Assunto com o Brasil
Mas independentemente do Mercosul, o Egito também tem intenção de intensificar a sua relação com o Brasil. Uma das áreas de maior interesse, segundo Rachid, é a agrícola. Um dos produtos que o país árabe pretende vender em maior volume para o Brasil é fertilizante. “O Egito está se tornando um dos grandes países exportadores de fertilizantes do mundo na atualidade. Essa poderá ser uma das áreas de cooperação entre os dois países”, disse.
Rachid também acredita que Egito e Brasil podem trabalhar juntos pela segurança alimentar. “Cooperando podemos fazer muito para aumentar a produção de alimentos, a eficiência e a produtividade alimentícia”, disse Rachid. Ele afirmou que o Egito tem acordos com países como Sudão, Uganda, Tanzânia, Quênia, Etiópia, países que são, segundo ele, extremamente subdesenvolvidos em termos agrícolas. “Eles têm terras férteis, água, mas não têm uma boa agricultura”, afirmou.
A experiência do Brasil, segundo ele, pode servir a estes países. O próprio Egito, de acordo com o ministro, não está explorando todo o seu potencial na área agrícola. Na área de açúcar, por exemplo, o ministro lembrou que apesar de existirem 100 tipos de cana-de-açúcar, o Egito utiliza apenas um deles. Mas mesmo assim, produz açúcar. “Como melhorar isso, como desenvolver isso? Como podemos utilizar toda a tecnologia para obter novos usos para a cana-de-açúcar como alimento para animais, como fonte de álcool e biocombustível? Há um potencial enorme”, concluiu.