Mercado

Brasil faz concessões agrícolas aos andinos

Para viabilizar o acordo do Mercosul com os países andinos, o Itamaraty está disposto a fazer concessões importantes, principalmente na área agrícola. Conforme fontes próximas às negociações, os diplomatas brasileiros estão sinalizando que poderão excluir o açúcar da liberalização de comércio entre os dois blocos, além de aceitar cotas “irrisórias” para a exportação de carnes bovina e de frango. A retirada do açúcar – um dos produtos mais polêmicos do comércio internacional inclusive no Mercosul – seria uma exigência da Colômbia, que também é produtora e exportadora.

As bases do acordo entre Colômbia, Equador e Venezuela e Mercosul foram firmadas em dezembro de 2003 durante reunião em Montevidéu, depois de forte resistência do anfitrião do evento, o Uruguai. Os países deixaram, porém, para decidir até 31 de março as listas de produtos que terão reduzidas as tarifas de importação. Os demais países andinos – Peru e Bolívia – já possuem acordos de livre comércio com o Mercosul.

Os empresários agrícolas vêem com receio as concessões que podem vir a se feitas pelo Itamaraty. Para o coordenador da área internacional da Sociedade Rural Brasileira, Pedro de Camargo Neto, o setor está preocupado não apenas com os mercados perdidos nos países andinos, mas com a má impressão que isso pode causar nas discussões do Acordo de Livre Comércio das Américas (Alca). “Se assinamos um acordo agrícola medíocre com os andinos, chegaremos fracos para as negociações da Alca”, afirmou Neto. “Não se pode exigir tudo dos Estados Unidos e nada da Colômbia”, completa.

Para o especialista em comércio exterior, o Itamaraty está priorizando no acordo com os países andinos o lado político, pois o Brasil quer se firmar como líder da América Latina e está tentando conter o avanço dos Estados Unidos em acordos bilaterais no continente. Em dezembro, quando o acordo foi fechado, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, afirmou que o efeito econômico imediato era nulo, mas que o compromisso obrigava os andinos a comunicar ao sócios do Mercosul concessões feitas a outros países. Segundo a assessoria de comunicação, o Itamaraty prefere não comentar o assunto, porque a negociação ainda está em andamento.