O Brasil deve começar a exportar álcool para a Nigéria a partir de outubro como parte de um programa de adição de 10 por cento do combustível à gasolina no país africano, disse o diretor da área de energia da Coimex Trading na quinta-feira.
“Em agosto assinamos um memorando de entendimento com a Nigerian National Petroil Corporation (NNPC), pelo qual nos comprometemos a entregar 1,1 milhão de metros cúbicos de álcool por ano à Nigéria”, disse à Reuters Jorge Colnaghi por telefone.
A estatal NNPC é a única importadora de combustível do país e subsidia o consumo local em 1 bilhão de dólares por ano.
Segundo Colnaghi, a Nigéria consome 30 milhões de litros de gasolina por ano e, apesar de ter grandes reservas de petróleo, falta-lhe capacidade de refino. Ao aprovar a adição de 10 por cento de álcool à gasolina, a Nigéria deve economizar cerca de 100 milhões de dólares por ano.
O projeto, conduzido pela Coimex e pela Petrobras, exigirá investimentos da ordem de 500 milhões de dólares por ano na primeira fase, disse o executivo.
Colnaghi acredita que o Brasil tem condições de absorver essa demanda adicional para abastecer o mercado nigeriano. “Isso significa produzir 6 ou 7 por cento a mais por ano”, afirmou.
O Brasil produziu 16 milhões de metros cúbicos de álcool em 2004 e exportou 2,3 milhões, de acordo com o governo.
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Numa segunda fase, o projeto prevê a implantação de um programa de álcool semelhante ao brasileiro na Nigéria, com a exportação da tecnologia para plantação de cana-de-açúcar e a construção de destilarias.
Colnaghi avalia que a plantação para suprir a demanda de consumo interno deve ser da ordem de 300 mil hectares, o que exigiria a construção de pelo menos sete ou oito destilarias de álcool para o processamento.
“Pensamos numa produção virtual, na qual em vez de você estar lá e plantar, você financia o produtor local com a garantia de compra”, disse.
A iniciativa faz parte de um projeto maior do governo brasileiro para aumentar as exportações do Brasil para a Nigéria.
Durante a visita do presidente nigeriano, Olsegun Obasanjo, esta semana ao Brasil, os dois países se comprometeram a apresentar um plano para intensificar mutuamente a corrente comercial.
O Brasil amargou um déficit de 2,99 bilhões de dólares no intercâmbio com os nigerianos em 2004, em decorrência, principalmente da importação de petróleo por parte dos brasileiros. O Brasil exportou 505 milhões de dólares para a Nigéria no ano passado, uma contribuição de apenas com 0,5 por cento no ranking dos parceiros que compram produtos brasileiros.
No futuro, o governo brasileiro também aposta no interesse dos nigerianos para a importação da tecnologia brasileira para carros bicombustíveis.
