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Brasil, EUA, UE e outros emergentes lançam opep dos biocombustíveis

Está lançada a Opep dos biocombustíveis! Foi divertindo-se com essa brincadeira, em alusão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que representantes de Brasil, EUA, China, África do Sul, Índia e União Européia (UE) deram início ontem na ONU aos trabalhos do Fórum Internacional de Biocombustíveis. A entidade pretende estabelecer padrões de qualidade para tornar o álcool combustível mercadoria no comércio internacional.

— O fórum vai trabalhar para viabilizar uma agenda para estimular a diversificação de fontes energéticas, reduzir a dependência do petróleo, diminuir a emissão de gases responsáveis pelo aquecimento global e promover novos instrumentos para o desenvolvimento social. Já temos planos de organizar uma conferência internacional em 2008 no Brasil, e, até lá, agendar encontros a cada três meses — comentou Antonio Patriota, novo embaixador brasileiro nos EUA.

Brasil e EUA são os maiores produtores mundiais, mas fabricam álcool combustível a partir de matrizes diferentes: milho no caso americano e cana-de-açúcar no brasileiro. Para se ter idéia, em 2006, o Brasil exportou 3,5 bilhões de litros de etanol, e, para especialistas, metade desse volume foi para os EUA, direta ou indiretamente.

Na visita do presidente George W. Bush ao Brasil, porém, já está anunciada a assinatura de acordo bilateral que terá o etanol como alavanca para maior abertura comercial entre os dois países.

— Temos um combustível do século XXI para comercializar, mas ainda temos regras de comércio do século XIX — reclamou o produtor Eduardo Pereira de Carvalho, da União da Indústria Brasileira de Cana de Açúcar (Unica)

— O estabelecimento de padrões internacionais de qualidade poderá baratear muito o preço do álcool combustível e tornar o produto mais acessível à classe média americana, tornando-se um importante argumento na adoção de novos hábitos de consumo e reduzindo, na prática, a dependência americana do petróleo e as emissões poluentes — disse Thomas Shannon Jr, subsecretário de Estado dos EUA, que desconversou na hora de garantir a redução de tarifas.

EUA e Brasil avaliam a construção de usinas de etanol em países do Caribe que poderiam usufruir da isenção da tarifa de importação americana de 54 centavos por galão. Num programa dos EUA, o etanol brasileiro reprocessado em nações da região pode entrar no mercado americano sem impostos.

Patriota foi incisivo ao comentar o que está na mesa de negociações na visita de Bush:

— Eu quero lembrar as palavras do secretário de Energia dos EUA em Davos. Ele declarou que as tarifas americanas para o etanol estão fadadas a cair — disse Patriota.

Eduardo Simões, do Departamento de Energia do Ministério das Relações Exteriores, respondeu aos comentários do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do líder cubano, Fidel Castro, sobre o impacto de novos patamares de exportação de álcool combustíveis para a agroindústria:

— O país tem uma área ainda gigantesca de terras disponíveis, de modo a que se possa fazer a expansão do cultivo de cana sem prejuízo à agricultura para alimentos.