A Brasil Ecodiesel, maior produtora de biodiesel do país, pretende começar a exportar neste ano. “Pensamos em exportar de 30 mil a 50 mil metros cúbicos [de biodiesel] neste ano, se for possível. Mas não é nada que esteja acertado”, disse o presidente do conselho de administração da empresa, Jorio Dauster.
Ele adiantou que já está negociando com multinacionais européias. Um dos entraves da entrada do biodiesel brasileiro na Europa é o padrão exigido na composição química do combustível vegetal. “Hoje, já conseguimos atender ao mercado europeu misturando o óleo de soja ao da mamona”, afirmou Dauster em palestra promovida pela Câmara de Comércio França-Brasil. “A prioridade é nos firmar no mercado interno, mas temos espaço de nos firmar também no mercado internacional”.
O mercado externo europeu deverá, na avaliação da companhia, ter uma maior demanda pelo biodiesel brasileiro nos próximos anos devido à fixação de metas obrigatórias de mistura de óleo vegetal ao diesel do petróleo, como já acontece no Brasil.
Atualmente, a Brasil Ecodiesel produz 300 mil metros cúbicos de biodiesel por ano originados da soja, girassol e mamona em quatro usinas, embora tenha capacidade para produzir 800 mil metros cúbicos. Até o final do ano, a companhia planeja atingir uma produção de 840 mil metros cúbicos de biodiesel, quando terá sete usinas em funcionamento.
A empresa atua desde o plantio até a produção final do biocombustível. No plantio, a empresa tem feito parcerias com agricultores familiares, mas também tem contratos com grandes produtores e terras próprias. Responsável por 70% de todo o biodiesel produzido no Brasil, a companhia aposta no girassol como principal matéria-prima. Atualmente, a maior parte do biodiesel vem da soja, mas a intenção da empresa é chegar em 2010 com 45% da produção originada da semente do girassol, cujo plantio ainda não foi totalmente desenvolvido no país.
O uso majoritário da soja deve-se à disponibilidade do grão para a produção de biodiesel, mas a idéia é reduzir sua participação na produção dos atuais 70% para 20% em 2010. Para Dauster, a soja é menos vantajosa devido à tendência de aumento de seu preço em razão da maior procura pelo milho para etanol nos Estado Unidos, diminuindo sua oferta. Além disso, a expansão do consumo mundial do grão para alimentação, puxada pelo mercado chinês, deve continuar a pressionar as cotações para cima.