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Brasil e países do Mercosul assinam acordo tarifário com a Índia

O Brasil e os demais países do Mercosul assinaram ontem um acordo preferencial de tarifas fixas com o governo indiano, em uma iniciativa que, segundo o ministério das Relações Exteriores, é o primeiro passo para a formação de uma zona de livre comércio com o gigante asiático. O acordo vai facilitar o comércio de mais de 1,7 mil produtos a partir do próximo semestre.

O governo brasileiro também firmou vários acordos de cooperação bilateral com a Índia que prevêem atividades conjuntas de pesquisa espacial, incremento do turismo e intercâmbio artístico-cultural e anunciou para breve a assinatura de outros programas de intercâmbio nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia, educação, saúde, segurança alimentar e desenvolvimento agrário.

“Os trabalhos desta reunião nos permitirão, sobretudo, dar segmento a uma das prioridades da política externa brasileira, isto é, o compromisso que assumi no meu discurso de posse de desenvolver uma parceria estratégica com a Índia”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a autoridades brasileiras e indianas durante a assinatura dos acordos em Hyderabad House, um prédio elegante em estilo oriental onde fica o gabinete do primeiro-ministro Atal Bijari Vajpayee.

“Inauguramos hoje, com o Acordo-Base de Acesso a Mercados, no âmbito das negociações Índia-Mercosul, uma nova era para a cooperação Sul-Sul”, disse Lula, acrescentando que a aproximação comercial entre o Cone Sul e a Índia deve servir de exemplo para iniciativas semelhantes no mundo em desenvolvimento.

“O presidente tem falado tantas vezes em uma mudança na geografia comercial do mundo. Um acordo entre Mercosul e a Índia é uma ilustração concreta, gráfica, dessa mudança”, afirmou o ministro Celso Amorim, das Relações Exteriores.

Mercosul e Índia vão negociar nos próximos 120 dias a lista de produtos que serão beneficiados pelo acordo de tarifas fixas e menores. O primeiro encontro dos grupos de trabalho será em fevereiro, em Buenos Aires, e o segundo está marcado para o mês de março, em Nova Délhi. A expectativa é de que as negociações terminem até junho e que o acordo passe a ser implementado gradualmente a partir do próximo semestre.

Segundo Luis Verdi, assessor argentino da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, algumas negociações para fixar as tarifas serão duras, como no caso da importação de farmacêuticos e pneus produzidos pela Índia. “Eles são muito competitivos nesses setores, e não podemos deixar que quebrem nossa indústria”, comentou. (Fonte: Agência Brasil)