Mercado

Brasil e EUA querem expandir biocombustível

A partir de 2008, a cooperação entre Brasil e Estados Unidos para expandir o mercado global de biocombustíveis deve começar a apresentar seus primeiros resultados. A previsão é de que o relatório do levantamento do potencial de produção em países da América Central e Caribe – por onde começaram as investidas dos dois governos – seja concluído até o final deste ano.

O memorando de entendimento Brasil-Estados Unidos para o avanço em biocombustíveis, assinado em março último, estabelece três níveis de cooperação: o trabalho de estímulo à produção de biocombustíveis em outros países para diminuir a dependência do petróleo, desenvolvimento conjunto de pesquisas em combustíveis alternativos e a definição de padrões internacionais para o etanol para transformá-lo em commodity global.

O trabalho com países da América Central e Caribe começou com República Dominicana, Haiti, El Salvador, São Cristóvão e Névis, que importam de 90% a 100% da energia. ‘Gostaríamos de ajudar esses países a diversificar sua matriz energética, a importar menos combustíves, diversificar fornecedores e criar empregos (com a implantação da indústria do etanol)’, afirmou a diplomata do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Lisa Kubiske.

Consultores da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e do Instituto Winrock estão visitando esses países para identificar potenciais para produção de etanol e os obstáculos para implantação da indústria de biocombustíveis. ‘A intenção é que esse levantamento ajude a definir que tipo de assistência técnica podemos oferecer e quais as oportunidades de projetos para o setor privado nessa área’, explicou Lisa.

O estudo de viabilidade de São Cristóvão e Névis já foi concluído e apresentado aos governos do Brasil e Estados Unidos e à Organização dos Estados Americanos (OEA), que é o órgão financiador do projeto, mas Lisa não adiantou o que o documento apontou. O governo de El Salvador, segundo ela, já mudou a legislação para adição de 10% de etanol na gasolina e, no Haiti, várias empresas mostraram interesse em investir na produção de biocombustíveis.

A padronização técnica do etanol está sendo feita por pesquisadores do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade do Brasil (Inmetro) e do Instituto Norte-Americano de Padrões e Tecnologias (NIST). A previsão é de finalizar esse trabalho, até o final deste ano, e apresentá-lo aos países que integram o Fórum Internacional de Biocombustíveis, no início de 2008. Lisa reconhece, no entanto, que a discussão está sendo difícil, pois não há um consenso sobre a definição desse padrões. A Associação de Produtores de Combustíveis Renováveis (RFA – sigla em inglês) já se posicionou contra a padronização (leia mais nesta página).

Além da cooperação com o Brasil, o governo dos Estados Unidos trabalham em várias frentes para expandir sua produção de etanol, especialmente, em pesquisas para desenvolver uma segunda geração do biocombustível – o etanol celulósico – já que a meta proposta pelo presidente George W. Bush, é reduzir em 20% o consumo de gasolina no País, em 10 anos. ‘É uma meta muito ambiciosa. Temos que aumentar muito a produção de combustíveis alternativos e, por isso, estamos investindo muito nisso, principalmente, na produção de etanol’, afirmou Lisa.

Para a diplomata, o Brasil é o parceiro ideal por duas razões: junto dos Estados Unidos é o maior produtor de biocombustíveis do mundo – e, por isso, tem grande expertise – e porque desempenha papel importante na relação com outros países.

A jornalista viajou para Washington a convite do Centro de Imprensa Estrangeira (Foreign Press Center) do Departamento de Estado dos Estados Unidos.