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Brasil e EUA negociam parcerias

Acordo entre os dois países prevê troca de informações e realização de pesquisas conjuntas. Os governos do Brasil e dos Estados Unidos fortaleceram nesta semana a parceria negociada em meados do ano para a execução projetos para a pesquisa e o desenvolvimento na área de biocombustíveis, sobretudo para a produção de etanol. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e o secretário-adjunto de Energia norte-americano, Clay Sell, reuniram-se ontem em Washington para discutir os detalhes desses programas de cooperação.

No longo prazo, segundo informou o secretário de Desenvolvimento da Produção do ministério do Desenvolvimento, Antônio Sérgio Martins Mello, essa parceria pode proporcionar bons frutos, além de resultar no aumento do intercâmbio comercial e de investimentos entre os dois países na área de biocombustíveis. Além disso, existe a expectativa de uma possível redução da barreira imposta pelo governo dos Estados Unidos às exportações brasileiras de álcool.

“A questão das barreiras tarifárias será discutida mais tarde, uma vez que entendemos que o debate vai mantido com o objetivo de reduzir essas taxas”, declarou Mello de Washington em entrevista a este jornal por telefone.

Furlan e Sell também conversaram sobre oportunidades de negócios entre os dois países para o álcool e o biodiesel. O ministro brasileiro propôs a criação de uma cota de exportação para o álcool brasileiro. O objetivo das cotas seria garantir o atendimento da crescente demanda norte-americana por esse combustível vegetal.

Joint-ventures

Outra questão que mereceu a atenção dos representantes dos dois governo foi o estabelecimento de parcerias (joint-ventures) entre empresas nacionais e americanas para ampliar os investimentos na produção de etanol no Brasil. O conhecimento e a experiência da Petrobras na construção de dutos e tanques foram oferecidos aos norte-americanos a fim de facilitar a distribuição do álcool produzido no meio-oeste dos EUA para outras regiões daquele país.

Constou ainda da pauta da reunião, a negociação para o estabelecimento de parcerias para desenvolver novas tecnologias de produção de etanol, além da cooperação em tecnologia agrícola e na produção de equipamentos, implementos, na co-geração de energia e logística. Outro assunto abordado foi uma parceria entre órgãos governamentais para a implantação de programas de controle de emissão de poluição nos EUA. O secretário-adjunto de Energia norte-americano se interessou no sucesso do mercado brasileiro de automóveis movidos a álcool e gasolina (flex fuel).

O imposto de importação norte-americana que incide sobre o álcool combustível é de 2,5%, mais US$ 0,54 por galão. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, considerando que o preço médio do álcool no atacado é cerca de US$1,20 por galão, essas duas taxas representam uma carga tributária de 50% sobre o preço do produto importado.

Os EUA consomem 15 bilhões de litros de álcool por ano. Desde 2002, a produção de etanol cresce a cada ano 84%, enquanto a demanda aumenta 93%. De janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 1,32 bilhão de litros de etanol aos EUA, 61,9% de todas as vendas externas de álcool do Brasil. As exportações aos EUA somaram US$ 655,94 milhões no período.