O Brasil cobra dos Estados Unidos uma solução para as barreiras de importação do etanol. Mas, na noite de ontem, o Senado americano deu provas de que não está disposto a ceder às pressões brasileiras. Por 56 votos a 36, os parlamentares rejeitaram proposta de lei para acabar com a tarifa de importação sobre o etanol. O projeto, de autoria do senador republicano Judd Gregg, foi apresentado como emenda à Lei de Energia que está sendo votada. O etanol de milho, produzido no Meio-Oeste, não chega à costa leste do país, por causa de problemas com oleodutos, então precisamos acabar com a tarifa sobre o etanol importado, disse o senador. Uma lei aprovada em dezembro do ano passado prorrogou a tarifa de US$ 0,54 por galão até 2009.
O chanceler brasileiro, Celso Amorim, queria que o assunto fosse discutido na reunião do G-4, que está sendo realizada em Potsdam, desde terça-feira. Brasil, Índia, EUA e Europa tentam fechar um acordo para permitir avanços nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC). Para o Brasil, as sobretaxas impostas pelos americanos ao biocombustível terão de ser solucionadas para que haja um acordo.
Para exportadores brasileiros, a taxa impede as vendas para o mercado considerado central para o avanço do etanol.
Washington demonstra que não está preparado para trazer o tema à OMC. Há um mês, apresentou uma lista de produtos ambientais que terão corte mais profundo de tarifas, mas não incluiu o etanol. A relação, com cerca de 400 produtos, conta até com barcos a vela e bicicleta, bens supostamente benéficos ao meio ambiente.
A diplomacia brasileira se irritou e o embaixador do País na OMC, Clodoaldo Hugueney, ligou para os responsáveis pelo setor nos EUA para tentar entender por que o produto não foi incluído. Há um entendimento de que esse não é o local nem o momento para falar de etanol, afirmou um representante de um país rico.