O Brasil está em posição de se tornar um líder mundial no desenvolvimento do biogás, conforme discutido no World Biogas Association (WBA) Congress Brazil 2024, realizado em Foz do Iguaçu, Paraná, na última terça-feira (1º). O evento, organizado pela Associação Mundial do Biogás em parceria com a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), contou com a participação de autoridades, empresários e especialistas que debateram o futuro do biogás e seu papel na bioeconomia.
O diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri, destacou o papel pioneiro da empresa no desenvolvimento de tecnologias ligadas ao biogás no Brasil. “Desde 2008, estamos envolvidos na promoção do biogás, com foco na produção de energia sustentável e acessível”, ressaltou Verri, lembrando os mais de 15 anos de investimentos da empresa nesse campo.
A diretora executiva da Associação Mundial do Biogás, Charlotte Morton, enfatizou que o Brasil tem atraído atenção internacional por sua capacidade de liderar na bioenergia. “Os olhos do mundo estão no Brasil”, afirmou Morton. Ela mencionou que o país, além de presidir o G20, será o anfitrião da COP30, o que reforça sua importância no cenário global de biocombustíveis. “O Brasil é um exemplo do poder da bioenergia, com um enorme potencial de biogás e um compromisso claro com o futuro dessa fonte de energia”
A executiva destacou ainda a Aliança Global de Biocombustíveis, lançada em parceria com a Índia durante a cúpula do G20 em 2023, como uma iniciativa fundamental para o fortalecimento do setor de bioenergia. O congresso, realizado paralelamente às reuniões ministeriais do G20, foi uma oportunidade para consolidar o Brasil como um dos líderes globais na promoção de energias renováveis.
Um dos destaques do evento foi a visita técnica à Unidade de Demonstração de Biogás e BioSyncrude da Itaipu Binacional, onde os participantes puderam conhecer as inovações tecnológicas implementadas na central hidrelétrica. “Os visitantes ficaram impressionados com o nível de sofisticação da planta de biogás de Itaipu, que está à frente de muitos mercados avançados. Isso abre portas para empresas desenvolverem produtos de maior valor agregado”, comentou Morton.
Biogás como solução sustentável
No painel sobre “Descarbonização da cadeia alimentícia”, especialistas discutiram o papel do biogás na redução de resíduos orgânicos e das emissões de gases de efeito estufa. Morton destacou que a humanidade gera anualmente 105 bilhões de toneladas de resíduos orgânicos, um recurso subutilizado com enorme potencial para a produção de energia. Segundo ela, o biogás poderia atender entre 6% e 9% da demanda energética global, além de gerar até 15 milhões de empregos e reduzir um terço do consumo mundial de gás natural.
O congresso também reforçou os compromissos do Brasil com o Global Methane Pledge, que visa reduzir as emissões globais de metano em 30% até 2030. Além disso, o país continua a desempenhar um papel central na Aliança Global de Biocombustíveis, que busca promover a bioenergia como uma solução sustentável para a matriz energética mundial.