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Brasil apóia a entrada da Rússia na OMC

O Brasil anunciou ontem ter concluído as negociações para apoiar a entrada da Rússia na OMC (Organização Mundial do Comércio), uma novela que se desenrola há pelo menos dois anos.

Por causa da resistência de setores empresariais brasileiros, o acordo só foi finalizado ontem, pouco antes de ser incluído na declaração conjunta divulgada ao final da reunião de cúpula entre Luiz Inácio Lula da Silva e Vladimir Putin em Moscou.

O apoio do Brasil era imprescindível para que a Rússia entre para a OMC, já que um sócio só é admitido com o consenso dos 148 integrantes da organização. Em troca, os russos têm de negociar termos de acordos comerciais.

O sistema de cotas e as tarifas de importação no comércio de carnes e de açúcar, dois produtos que a Rússia compra em demasia do Brasil, foram o maior entrave para a conclusão do acordo.

A julgar pelas declarações do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a resistência não foi totalmente quebrada. Amorim declarou que a Rússia se comprometeu a, após o “período de transição” (prazo de cinco anos), negociar esses produtos por meio de regime de tarifas, mais favorável ao Brasil do que o de cotas.

Lula fez apenas uma breve declaração sobre o acordo, quando definiu como “excepcional” o resultado da visita a Moscou, porque “o Brasil reconheceu o direito de a Rússia entrar na OMC”.

Depois, Lula fez um comentário que sintetiza o desfecho das negociações. “Neste mundo globalizado, não há Papai Noel. Ninguém dará presente ao Brasil e ninguém dará presente à Rússia. Esta é uma disputa de conhecimento, de capacidade produtiva, de competitividade. Nessa disputa, nós temos que procurar os parceiros mais próximos de nós.”

Já o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que, em negociações internacionais, é preciso “sempre buscar o meio-termo, o equilíbrio”.

Em tese, a questão da aftosa não tem relação com a da OMC, pois os termos só valerão quando a Rússia for membro. Mas há quem acredite que a urgência russa em contar com o socorro brasileiro pode ter ajudado a amenizar a posição do Kremlin quanto ao embargo imposto à carne de Mato Grosso do Sul.