Há uma grande possibilidade de que os benefícios econômicos da cana de açúcar e seu potencial de produção de biocombustível tenham um prazo limitado e causem no Brasil o que Marcos Buckeridge chama de “efeito Cinderela”. Embora reconheça o estágio avançado do país no setor, ele lembra que outras nações estão investindo cada vez mais dinheiro e tecnologia para produzir o seu próprio combustível.
O botânico faz uma comparação com o ciclo de borracha no país, entre 1879 e 1912.
— Quando a possibilidade de lucrar diminuiu, os ingleses levaram a planta para a Ásia e passaram a produção de borracha para lá.
Há algumas semanas, por exemplo, foi anunciada uma parceria entre duas empresas americanas, General Motors e Coskata, para a produção de etanol, utilizando biorreatores e microorganismos. Buckeridge teme que esse “efeito Cinderela” já tenha começado.
— Isso deve ser visto como um estímulo para o Brasil investir mais e se organizar melhor para ocupar o seu espaço.
Buckeridge ressalta que o Brasil tem uma condição única no planeta, já que possui uma das maiores áreas em terra que passa diariamente em frente ao Sol.
— Temos a maior capacidade fotossintética do planeta. Com mais fotossíntese se produz mais biomassa e, portanto, mais biocombustível.
Temos que equilibrar isto bem, evitando também o desmatamento. Ou então nossa carruagem vai virar abóbora. (C.A.)