Usinas têm dificuldade para encontrar homens qualificados no mercado.
Empresário diz que elas são mais atenciosas no trabalho.
Diante da dificuldade para encontrar profissionais qualificados para trabalhar nas lavouras de cana, os diretores da destilaria Água Bonita, em Tarumã (SP), decidiram buscar funcionárias.
A empresa passou a treinar e contratar mulheres para operar os caminhões de transporte de cana, uma atividade predominantemente masculina.
As primeiras contratações ocorreram há quatro meses e, segundo o diretor agrícola Germano Holzhausen Neto, o resultado foi tão bom que mais quatro funcionárias deverão ser contratadas nos próximos meses. “Foi primeiro pela dificuldade de encontrar funcionário homem mesmo. Daí surgiu a idéia”, conta o diretor agrícola Germano Holzhausen Neto.
Todas têm segundo grau completo – uma das principais exigências das usinas na hora de contratar – e passaram por treinamento teórico e prático na escolinha montada pela empresa antes de estrearem na nova carreira. “Escolhemos candidatas que têm aptidão, que gostam do que fazem. Isso influenciou muito na decisão final”, diz a psicóloga da empresa, Cleide Costa da Silva.
“Elas são mais cuidadosas no serviço, mais atenciosas. Estão surpreendendo”, diz o diretor. “Os homens ficam mais preocupados, vêem que não são só eles que podem fazer o serviço”, diz.
“Jeitinho”
Alcilene Nogueira Morais, 41, ficou feliz por voltar a trabalhar com caminhões: ela vem de uma família de caminhoneiros mas, pela falta de oportunidades, era funcionária de uma locadora de vídeos quando soube das vagas na Água Bonita. “Outras usinas deveriam seguir o exemplo e contratar mais mulheres, porque elas têm mais paciência”, diz.
A motorista Tatiana Rodrigues da Silva, 29 anos, largou um emprego em vendas para aprender a dirigir o caminhão.
“Eu sempre gostei, mas é difícil alguma outra empresa dar oportunidade para uma mulher”, diz Tatiana, que se diz totalmente satisfeita com a nova profissão.
“Mulher tem um jeitinho mais delicadinho, cuidadoso. E é um trabalho confortável. Eles pensam que é uma coisa pesada, de homem. Hoje a frota é moderna, é preciso mais inteligência do que força bruta”, diz. Ela diz ter recebido apoio do marido e dos dois filhos. “Meu marido me chama de “minha motorista””, diz.