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Boom de energia contribui para meta de exportação

O valor das exportações de combustíveis dos Estados Unidos têm crescido mais rapidamente do que o de outros bens e commodities durante a Presidência Barack Obama, de acordo com uma análise do “Financial Times”, tendo assumido um papel de força motriz no sentido de atingir o objetivo do governo de dobrar as exportações até 2015.

Os dados oferecem mais uma prova de como o boom doméstico de produção de energia pelos Estados Unidos – liderado pela expansão da produção de petróleo e de gás natural e por altas nos preços – está reformulando a economia americana.

Os Estados Unidos tornaram-se exportadores líquidos de combustível em 2011, pela primeira vez em duas décadas, quando o aumento das exportações associou-se a importações mais lentas.

De acordo com dados de exportações compilados pelo Censo americano e analisados pelo “FT”, o valor das exportações de petróleo e de carvão mais que dobrou, de US$ 51,5 bilhões nos doze meses até junho de 2010, para US$ 110,2 bilhões nos doze meses até junho de 2013. Isso colocou os Estados Unidos no topo dos rankings de crescimento das exportações.

As exportações de petróleo e gás americanas ficaram em segundo lugar, com um aumento de 68,3% no mesmo período, porém com base em valores nominais menores. As exportações de metais primários e de carne também tiveram forte crescimento no governo Obama, bem acima da média de 32,7% de todas as commodities.

Rayola Dougher, assessora econômica sênior no American Petroleum Institute, um poderoso grupo de lobby do setor petrolífero e de gás dos Estados Unidos, disse: “Nós temos sido um verdadeiro motor de crescimento num momento em que outros setores estão em calmaria”.

Em janeiro de 2010, Obama defendeu esforços para que exportações americanas dobrassem num prazo de cinco anos, num ambicioso esforço para reanimar a base industrial em dificuldades. À época, os EUA estavam exportando mensalmente o equivalente a US$ 143 bilhões, sendo que as exportações de bens somavam US$ 99 bilhões.

Desde então, as exportações dos EUA aumentaram gradualmente, mas a meta para 2015 permanece difícil.

Em junho passado, exportações mensais americanas somaram US$ 191 bilhões, das quais as exportações de bens totalizaram US$ 134 bilhões, tendo subido cerca de um terço em comparação com três anos e meio antes.

Embora a meta de dobrar as exportações já tenha sido cumprida com produtos combustíveis, a atividade manufatureira tradicional que Obama tinha em mente ao lançar a Iniciativa Nacional de Exportações ainda tem um caminho a percorrer.

“Quando o presidente fala sobre comércio, quando ele fala sobre a criação de empregos para a classe média, quando ele fala sobre converter a economia americana em uma economia duradoura, ele geralmente refere-se à manufatura, os clássicos empregos que asseguram os salários [da maioria dos] americanos”, afirmou Alan Tonelson, economista do Conselho de Indústria e Negócios dos Estados Unidos. “Nem de longe ele está falando em petróleo.”

O Departamento de Comércio não quis comentar.

O governo Obama tem dado alguns passos no sentido de impulsionar as exportações de energia – por exemplo, começando a aprovar novas instalações para exportação de gás natural liquefeito (GNL). Mas alguns lobistas de empresas dizem que o aumento das exportações de energia pelos EUA acontece a despeito das políticas da Casa Branca, e não como resultado delas.