Mercado

Bolsas caem em todo o mundo, em dia de tensão

O mercado internacional teve ontem mais um dia nervoso, por causa do forte temor de um conflito no Oriente Médio e das péssimas notícias divulgadas por algumas grandes empresas americanas e européias. Com a apreensão dos investidores em relação ao depoimento do secretário de Estado americano, Colin Powell, sobre o Iraque, previsto para hoje no Conselho de Segurança da ONU, as bolsas despencaram, o ouro fechou no nível mais alto desde novembro de 1996, o euro subiu mais uma vez diante do dólar e os preços do petróleo dispararam.

As bolsas do mundo todo tiveram um desempenho péssimo. Em Wall Street, além do temor da guerra, o anúncio de que o American International Group (AIG), o maior grupo segurador do mundo, vai fazer uma provisão líquida de US$ 1,8 bilhão para cobrir despesas (ver texto abaixo), derrubou as ações da empresa, arrastando também os papéis de outras seguradoras. “O AIG é um guia de todo o mercado. Se eles dizem que têm problemas no balanço, isso coloca em questão avaliações de empresas em todos os lugares”, disse John Gillette, operador da corretora Lazard Frères. As ações da Cisco Systems, maior fabricante mundial de equipamentos para acesso à internet, recuaram 2% e estavam operando em baixa no “after market”. A empresa teve lucros mais altos no quarto trimestre de 2002, mas as vendas caíram, em meio à desaceleração dos investimentos em tecnologia. Nesse cenário, o Índice Dow Jones recuou 1,19%, o Nasdaq 1,33% e o S&P 500 caiu 1,41%.

O desempenho das bolsas européias foi ainda pior. A Alcatel, fabricante francesa de equipamentos de telecomunicações, informou que as vendas nos principais mercados devem cair em média 15% neste ano. Também foram afetadas as ações da Volkswagen e Porsche, por causa das vendas abaixo do previsto nos EUA. A Bolsa de Frankfurt caiu 4,32%, a de Paris, 3,19% e a de Londres, 2,69%.

Os investidores venderam ativos de risco para comprar outros mais seguros, como o ouro. Em Nova York, o metal subiu 2,64%, fechando em US$ 381,25 a onça-troy, o nível mais alto desde novembro de 1996. Em momentos de incerteza no cenário externo, a procura pelo ouro, visto como reserva de valor, aumenta muito. Neste ano, o metal acumula valorização de 9,54%. (O Estado de S. Paulo)