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BNDES reduz spreads em média em 1 ponto percentual

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou nesta quinta-feira que vai reduzir o spread (diferença entre a taxa de captação e a repassada ao tomador de crédito) em média em 1 ponto percentual.

Com base em um financiamento padrão aprovado pelo banco, a redução significa um custo de captação 12% menor para o investidor, considerando também a queda da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) para 9% ao ano. O cálculo leva em conta uma empresa de risco médio.

A revisão das políticas operacionais do banco incluiu a definição de prioridades para os tomadores de empréstimo. Os setores foram classificados em cinco patamares: AA, A, B, C e D. Quanto maior a prioridade, menor o spread. Além disso, o banco voltou a diferenciar as empresas de acordo com a sua avaliação de risco (rating). Dessa forma, as empresas com melhor avaliação terão um spread de risco (custo definido para cobrir o eventual não pagamento) inferior.

O spread cobrado pelo banco inclui uma taxa básica e uma adicional para cobrir o risco da operação. O spread serve para cobrir oscustos do banco, as despesas, os pagamentos de tributos e a cobertura do risco.

Inovação

A inovação é o principal destaque entre as prioridades definidas pelo banco, classificada como AA. Segundo o presidente do BNDES, Guido Mantega, as empresas brasileiras precisam hoje de estímulos à competitividade e o banco escolheu priorizar os setores que vão contribuir mais para o desenvolvimento.

Os projetos voltados à inovação terão custo de apenas 6% ao ano, sem spread básico. O diretor da área de Planejamento do BNDES, Antônio Barros de Castro, afirmou que o banco ainda precisa apresentar uma norma técnica definindo o que é inovação e um filtro para julgar quais projetos realmente representam inovação tecnológica. A área de Planejamento deve encaminhar uma proposta de norma no próximo dia 15 de janeiro.

Segundo Mantega, com a redução do spread a tendência é de que o banco registre um lucro menor, mas destacou que o resultado de 2005 deverá ser recorde. Até o terceiro trimestre, o lucro acumulado está em R$ 2,4 bilhões.

Outros setores considerados de maior prioridade, classificado como A, terão taxa de spread básico de 1%, como bioletricidade (com projetos para produção acima de 80 bar, uma unidade de pressão); micro, pequenas e médias empresas; meio ambiente; bens de capital que promovam aumento da competitividade; bens de capital de concorrência internacional e ferrovias e gargalos. No caso das ferrovias e gargalos, o spread básico anterior era de 3% a 4%.

Os setores que representam a segunda maior prioridade são serviços de saúde, infra-estrutura urbana, biodiesel, bens de capital que não sejam destinados a agricultura ou transportes, aeronaves, portos, entre outros.

Os projetos ainda poderão sofrer uma redução do spread de acordo com o grau de desenvolvimento da região onde serão realizados. Um financiamento para um setor prioritário, classificado como A, pode ter um spread total (básico mais risco) de 2%. Se o projeto for realizado numa área menos desenvolvida, esta taxa pode variar entre 0,8% e 1,8%.

Orçamento

O presidente do banco afirmou que não existem previsões de mudança no orçamento do próximo ano, que deve repetir os R$ 60 bilhões previstos inicialmente para 2005. Segundo Mantega, o país atravessa um momento favorável, com inflação mais baixa, contas externas saudáveis e até antecipação de pagamentos. “Acredito em crescimento expressivo da economia e demanda de crédito grande”, disse.

Até novembro, o banco já desembolsou R$ 40 bilhões. Em dezembro, já foram liberados mais R$ 6 bilhões.