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BNDES realiza seminário sobre Álcool: Potencial Gerador de Divisas e Empregos

O BNDES realiza nos dias 25 e 26 deste mês em sua sede, no Rio de Janeiro, o seminário “Álcool: Potencial Gerador de Divisas e Empregos”, que visa identificar os gargalos na produção de cana e na questão industrial para que o Banco possa atuar através da concessão de crédito para a resolução dessas dificuldades.A informação foi dada à Agencia Brasil, nesta capital, pelo Gerente do Departamento de Desenvolvimento Rural do BNDES, Francisco Pelajo.O seminário objetiva estabelecer um plano de ação para que o Banco possa responder às demandas do setor sucro-alcooleiro,explicou.

Acrescentou que a idéia é que o Brasil possa se tornar um exportador de combustíveis renováveis, com destaque para o álcool, aproveitando as vantagens comparativas que possui em relação aos países concorrentes, especialmente no relativo a custos, que são bem mais baixos.

Pelajo revelou que o custo da produção de álcool no Brasil é hoje de U$0,19, contra U$0,35 nos Estados Unidos e U$0,55 na Europa. Do mesmo modo, o custo de produção do açúcar no Brasil atinge U$180,00 por tonelada, enquanto na Austrália o valor sobe a U$330,00/tonelada e na União Européia para U$710,00 por tonelada(sendo nesta região o açúcar obtido a partir da beterraba). “Os números permitem ao Brasil ter um espaço enorme nesse campo”, garantiu o gerente do BNDES.

A produção brasileira totaliza 12,7 bilhões de litros de álcool para uma capacidade instalada de 16 bilhões de litros. Francisco Pelajo afirmou que se houvesse uma demanda adicional em torno de 20%, a capacidade instalada seria totalmente preenchida. Em outras palavras, se o Brasil tivesse um aumento da frota de veículos a álcool hidratado da ordem de 3 milhões de unidades, a capacidade instalada que está atualmente ociosa seria plenamente ocupada.

Revelou, ainda, que se países concorrentes como o Japão viessem a colocar mais 5% de álcool na gasolina, esse incremento corresponderia à produção total brasileira.

Francisco Pelajo informou que o seminário que o BNDES coordenará, atendendo a um pleito do setor, tentará responder a diversas questões,entre as quais como viabilizar o aumento da produção de álcool no país. Uma maneira de expandir a área de produção seria redirecionar a região do Noroeste de São Paulo,tradicional de pecuária, para a produção de cana e álcool, aproveitando as condições climáticas favoráveis.

Outro ponto que precisa ser retomado diz respeito ao atraso brasileiro no melhoramento genético da cana. São necessárias também, segundo Francisco Pelajo, tecnologias novas nas áreas agrícola e industrial, para implantação no plantio e no processamento, o que resultará em maior produtividade e custos reduzidos. Uma das técnicas agrícolas que deverão ser seguidas é o plantio direto, menos agressivo ao meio ambiente, para evitar a degradação do solo, explicou o gerente do BNDES.

A questão de padronização do álcool merecerá também atenção no encontro, tendo em vista a necessidade de se ter um produto brasileiro padronizado que possa ser usado em outros mercados. No que respeita ao crédito, Francisco Pelajo assegurou que é grande a preocupação do Banco em apoiar um setor que propicie geração de riqueza, de renda e emprego, além de aumento das exportações.

O seminário será aberto pelo Presidente do BNDES, Carlos Lessa. A possibilidade de associação do cultivo da cana e de olegianosas para a produção de biodiesel e os efeitos da co-geraçaõ de energia a partir do bagaço de cana na produção de combustível são outros temas de relevo do encontro. O evento contará com a participação de representantes dos segmentos sucro-alcooleiro, da fabricação nacional de equipamentos de distribuição de combustíveis, tecnologia agrícola, além de representantes do governo, instituições financeiras e investidores.

Segundo dados divulgados pelo BNDES, no Rio de Janeiro, o Brasil é hoje o maior produtor mundial de álcool, com um total de 12,7 bilhões de litros por ano, divididos por 284 usinas, das quais 212 estão localizadas na região Centro/Sul e as 72 restantes no Norte/Nordeste. Os principais produtores nas 2 regiões são, respectivamente, São Paulo e Alagoas.

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