O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estuda a possibilidade de conceder um pacote de empréstimos no valor de US$ 3 bilhões, nos próximos três anos, para projetos argentinos de infra-estrutura que envolvem companhias brasileiras. A informação foi prestada ontem, em Buenos Aires, pelo vice-presidente do BNDES, Armando Mariante, que participou de coletiva à imprensa convocada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
Ontem Furlan se reuniu com o ministro de Planejamento da Argentina, Julio De Vido, e acertou um acordo para troca de informações sobre o desenvolvimento de biocombustíveis. “Falamos muito da possibilidade de investimentos na Argentina por parte de empresas do Brasil e de empresas argentinas com a participação do BNDES. No setor de infra-estrutura e energia, também falamos sobre as potencialidades para que a Argentina possa desenvolver sua produção de biocombustíveis”, disse Furlan.
Ele ainda sinalizou que há propostas para a participação de empresas brasileiras em obras de ampliação do metrô de Buenos Aires com financiamento do BNDES, além de investimentos para aumentar a produção de cimento na Argentina.
Furlan também disse que o Brasil “pôs à disposição” da Argentina sua experiência no desenvolvimento de combustíveis à base de óleos vegetais. O Brasil está também interessado em fornecer consultoria, pois a Argentina está intensificando um programa de combustíveis alternativos com o desenvolvimento de um setor nacional de biodiesel e de etanol, afirmou o ministro do Desenvolvimento.
De Vido assinalou que conversou com Furlan sobre a possibilidade de o BNDES aportar US$ 600 milhões na ampliação de gasodutos argentinos “para o transporte adicional” de 22 milhões de metros cúbicos de gás no próximo triênio. “Paralelamente, analisamos a possibilidade de financiar uma parte das obras de saneamento que o Estado argentino vai fazer junto com a Águas e Saneamentos (Aysa)”, a empresa pública de água e esgotos de Buenos Aires”, acrescentou. A Aysa prepara um plano de investimentos de US$ 1,6 bilhão que deve anunciar nesta quinta-feira.
De Vido destacou que mantém “uma fluente relação” com Furlan desde 2004, o que permitiu que no ano seguinte o BNDES “investisse US$ 200 milhões na ampliação de gasodutos” argentinos. “Não é uma colaboração do Brasil, é um trabalho. Nós passamos ao Brasil em torno de 1,2 milhão de metros cúbicos diários de gás, é um trabalho de ida e volta. É o espírito do Mercosul”, disse.
Furlan encerra sua visita depois de se reunir, hoje, com a ministra da Economia argentina, Felisa Micheli. O principal tema do encontro será o uso das moedas de cada país, o real e o peso, no comércio entre o Brasil e a Argentina, ao invés do dólar, como é feito atualmente.